WASHINGTON, 18 JUN (ANSA) – A Suprema Corte dos Estados Unidos rejeitou nesta quinta-feira (18) a tentativa do presidente Donald Trump de acabar com o programa de amparo para cerca de 650 mil jovens imigrantes que chegaram ao país ainda crianças.   

A votação foi apertada, por 5 votos a 4, e só foi definida a favor do programa por conta da postura do presidente da Suprema Corte, o conservador John Roberts, que votou ao lado dos liberais.   

Na justificativa, os juízes afirmaram que seria “caprichoso e arbitrário” acabar com um programa que visa legalizar pessoas que sequer têm recordações de seus países de origem, dando permissão de trabalho para os jovens e evitando suas deportações.   

A Ação Diferida para Chegadas na Infância (Daca), também conhecida como programa “Dreamers”, foi instituída em 2012 pelo então presidente Barack Obama. A medida ampara a situação dos jovens que entraram nos EUA de maneira irregular, mas que foram levados por seus pais – ou seja, sem que eles “tivessem culpa”. A cada dois anos, os beneficiados pelo Daca precisam passar por nova validação, já que o programa não concede residência permanente para eles.   

Desde 2017, Trump tenta barrar o programa por diversos caminhos, já que o combate à imigração ilegal é uma de suas bandeiras tanto de campanha como de governo. Após a decisão, inclusive, o mandatário criticou a decisão como “horrível”.   

“Essas decisões horríveis e politicamente motivadas que chegam da Suprema Corte são tiros na cara das pessoas que se sentem republicanos ou conservadores. Nós temos a necessidade de mais juízes ou perderemos a nossa segunda emenda [sobre a posse de armas]. Vote Trump 2020”, escreveu em sua conta no Twitter depois de ironizar que tem a impressão que a Corte não gosta dele.   

A fala do presidente se refere também a outra derrota do republicano nesta semana, quando a Suprema Corte garantiu que pessoas homossexuais e transgêneros não podem ser discriminados no mercado de trabalho.   

Por outro lado, Obama celebrou a decisão e se disse “feliz” com o julgamento. “Há oito anos, nós protegemos jovens pessoas que cresceram como parte da nossa família americana da deportação. Hoje, eu estou feliz por elas, suas famílias, e por todos nós. Nós podemos parecer diferentes e termos vindo de todos os lugares, mas o que nos faz americanos são nossos ideais compartilhados e agora é tempo de lutar por esses ideais”, postou no Twitter, pedindo o voto dos cidadãos no democrata Joe Biden.   

O candidato, que foi ex-vice-presidente de Obama, também se manifestou na rede social após a decisão, afirmando que ela é uma “vitória tornada possível pela coragem e pela resiliência de milhares de dreamers que saíram a campo e rejeitaram ser ignorados”. (ANSA)