SYDNEY, 12 MAR (ANSA) – A Alta Corte da Austrália, principal tribunal do país, adiou o anúncio de seu veredicto sobre a apelação impetrada pela defesa do cardeal George Pell, condenado pelo crime de abuso sexual de menores a seis anos de prisão. Com a decisão desta quinta-feira (12), o prelado permanecerá detido em regime fechado.
Os magistrados ouviram tanto a defesa como a acusação entre ontem (11) e hoje, mas não deram nenhum posicionamento após a audiência. Pell, 78 anos, foi condenado em dezembro de 2018 pelo abuso sexual de dois adolescentes de 13 anos em 1996. Os crimes teriam ocorrido dentro da sacristia da catedral de Melbourne, enquanto ele era arcebispo do local. Em agosto do ano passado, a Corte de Apelação de Vitória confirmou a condenação por dois votos a um e a defesa usou a tese do voto divergente para entrar com um recurso na mais alta instância judicial da Austrália.
Nesta quinta, foi a vez da acusação apresentar seus argumentos perante os magistrados. A advogada Kerri Judd manteve o discurso de que os juízes de duas instâncias já consideraram que houve o crime e que a testemunha usada como base para a condenação estava falando a verdade o tempo todo. Ela ainda lembrou que só houve esse depoimento porque a outra vítima morreu em 2014.
Após a explanação, os sete juízes que analisam o caso pediram que tanto defesa como acusação passassem, por escrito, mais informações para adicionarem ao processo e que serão consideradas para dar o veredicto final. O cardeal católico George Pell é o mais alto membro da hierarquia da Igreja a ser sentenciado por abusos sexuais contra menores de idade. Além de ter sido prefeito da Secretaria de Economia do Vaticano, o prelato era membro ativo do Conselho de Cardeais do Vaticano – em convocação do próprio papa Francisco -, e um de seus mais próximos conselheiros.
A Santa Sé não retirou o título religioso de Pell até o momento e disse que aguardará a decisão final da Justiça da Austrália para abrir uma investigação contra ele. (ANSA)