A Suprema Corte russa classificou nesta quinta-feira (27) como “terrorista” a organização anticorrupção do falecido opositor Alexei Navalny, cujo movimento já havia sido declarado “extremista”, o que provoca o temor de um endurecimento da repressão contra seus partidários.
A ‘Anti-Corruption Foundation’ foi reconhecida como “organização terrorista”, indicou a Suprema Corte em um comunicado, acrescentando que “suas atividades, assim como as de suas divisões estruturais no território” russo, estão proibidas.
Segundo a Corte, a ‘Anti-Corruption Foundation’ foi criada nos Estados Unidos com base no Fundo de Combate à Corrupção (FBK) e em outras organizações vinculadas a Alexei Navalny na Rússia, que já haviam sido proibidas.
A Corte acusa essa estrutura de realizar “atividades destrutivas no território russo, de promover, justificar e apoiar o terrorismo, e de organizar, preparar e cometer crimes de caráter extremista e terrorista”.
“Os terroristas são Vladimir Putin e seus cúmplices, os que desencadearam a guerra [na Ucrânia], os que matam civis e opositores políticos, os que encarceram pessoas”, reagiu a equipe de Navalny no Telegram.
Eles também acusaram as autoridades russas de tentar “intimidar” os partidários do opositor falecido para que deixem de consultar e divulgar as investigações da organização.
Essa organização revelou numerosos casos de corrupção dentro da elite russa e publicou uma investigação sobre um suposto “palácio” pertencente a Putin.
Carismático ativista anticorrupção e principal opositor de Putin, Alexei Navalny morreu em fevereiro de 2024 em circunstâncias pouco claras em uma prisão no Ártico.
Sua viúva, Yulia Navalnaia, que assumiu a liderança de seu movimento, afirmou em setembro que seu marido havia sido “envenenado”, baseando-se em análises realizadas por laboratórios ocidentais.
Segundo a ONG Anistia Internacional, a medida da Suprema Corte busca “desmantelar o legado de Navalny e esmagar qualquer foco de dissidência restante” na Rússia.
A decisão “expõe qualquer pessoa associada ao FBK ou a Alexei Navalny a processos criminais com as penas mais severas, que podem chegar até a prisão perpétua”, indicou a ONG em um comunicado.
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