Supermercados e farmácias lideraram a abertura de lojas neste ano até outubro, mostra estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC). “Esse é um indício da fraqueza da recuperação da economia”, observa o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes. Isso porque alimentos e medicamentos são itens de primeira necessidade, de baixo valor e cuja compra é obrigatória. O consumo desses produtos de baixo valor unitário é praticamente autônomo, depende pouco da retomada da atividade econômica e do crédito.

Das quase 6 mil lojas inauguradas, mais da metade (64%) foram dos segmentos de supermercados, alimentos, bebidas, medicamentos e artigos de perfumaria.

Paulo Cardamone, diretor da rede de cafeterias Casa Bauducco atesta esse movimento. “Estamos com um plano de expansão bastante audacioso neste ano e no próximo”, afirma. Em 2018 foram inauguradas 24 lojas e para 2019 estão previstas 45. Com isso, ao final de 2019 serão cem pontos em operação, a maioria franquias.

O fato de ser uma rede nova e com uma marca forte ajudam na expansão. Mas o executivo destaca que o sucesso também se deve ao fato de ser um negócio resiliente. Isto é, o consumo de um café e de uma fatia de panetone é pouco afetado pelas crises econômicas.

Esse raciocínio também vale para o setor de supermercados que vende itens de primeira necessidade. Para 2019, os dois gigantes do setor supermercadista, Carrefour e GPA, ampliaram os investimentos feitos neste ano, para R$ 2 bilhões e R$ 1,8 bilhão, respectivamente. E boa parte dessas cifras será aplicada na expansão da rede de lojas.

Já os segmentos do varejo de móveis, eletrodomésticos e materiais de construção, que envolvem cifras maiores, com compras financiadas, ainda estão no vermelho na abertura de lojas neste ano, mostra o estudo da CNC. Isso significa que esses segmentos mais fecharam que abriram pontos de venda neste ano até outubro. A exceção é o comércio de veículos, motos, partes e peças, que está entre os quatro maiores na inauguração de lojas. Neste caso, diante do ainda fraco crescimento da economia, Bentes acredita que a expansão tenha sido puxada pelas lojas de autopeças, para reposição.

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Estados

O estudo traça também o retrato regional da expansão do varejo. Os quatro Estados que lideram a recuperação da abertura de lojas – Mato Grosso, Santa Catarina, Espírito Santo e São Paulo – são aqueles nos quais as vendas mais cresceram neste ano.

As vendas do varejo do Espírito Santo, por exemplo, avançaram 14,5% até outubro – o melhor desempenho entre as demais unidades da federação. Foram abertas 442 lojas, com avanço de 1,7% ante dezembro de 2017. O melhor resultado do varejo e da abertura de lojas, reflete, segundo Bentes, da CNC, a saúde fiscal do Estado. “As contas públicas do Espírito Santo estão entre as melhores do País.”

Já os Estados que mais fecharam do que abriram lojas são aqueles que enfrentam crise fiscal e resultados mais fracos de vendas. Nesse grupo estão o Rio, com retração 1,6% no saldo líquido de lojas, e Roraima, na lanterna do ranking. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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