O excedente comercial da China atingiu um novo recorde em setembro em relação aos Estados Unidos, apesar das novas tarifas que Washington aplicou às importações chinesas.

O superávit comercial de agosto foi de 31,05 bilhões de dólares, o que já representou um recorde. Segundo estatísticas publicadas nesta sexta-feira pela alfândega chinesa, em setembro registrou-se um superávit de 34,13 bilhões de dólares.

Na quarta-feira, o presidente Donald Trump renovou sua ameaça de aumentar ainda mais as medidas punitivas contra a segunda maior economia do mundo.

Para pressionar Pequim e forçar a reduzir seu superávit, nos últimos três meses Washington impôs tarifas sobre 250 bilhões de dólares anuais de importações chinesas.

“Os atritos comerciais sino-americanos provocaram problemas e prejudicaram o desenvolvimento de nosso comércio internacional”, admitiu Li Kuiwen, porta-voz das aduanas chinesas. Li avaliou que esses prejuízos poderão ser controlados.

– Menor crescimento –

O Fundo Monetário Internacional (FMI) acaba de rebaixar levemente sua previsão de crescimento para a China em 2019, de 6,4% para 6,2%, o que seria seu pior resultado desde 1990.

O FMI alertou sobre esta situação nesta semana em sua reunião anual em Bali, na Indonésia, estimando que “a política comercial reflete o contexto político e o contexto político é incerto em muitos países”, disse o economista-chefe do Fundo, Maurice Obstfeld.

A diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, fez então um chamado para “corrigir o sistema comercial mundial, não destruí-lo”. “Temos que trabalhar juntos para desescalar e resolver as diferenças comerciais atuais”, disse.

– ‘Posso fazer muito mais’ –

“Eu posso fazer muito mais se quiser”, ameaçou o presidente americano. “Eu não quero fazer isso, mas eles (os chineses) têm que ir para a mesa de negociação”, acrescentou.

As negociações entre os dois países não avançam. Donald Trump disse que Pequim quer “negociar desesperadamente”.

Com o resto do mundo, as exportações chinesas aumentaram 14,5% em um ano contra 9,8% em agosto. O valor superou as expectativas dos analistas, que apontavam para uma desaceleração, chegando a 8,2%, segundo uma média calculada pela agência Bloomberg.

As importações desaceleraram para 14,3% em um ano, após cresceram 20% no mês passado. O superávit total aumentou para 31,6 bilhões de dólares, contra 27,9 bilhões em agosto.

“As exportações da China resistiram até agora à escalada da tensão comercial e à desaceleração do crescimento mundial”, comentou Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics.

De acordo com Evans-Pritchard, a resistência das exportações se deve “à competitividade provocada pela debilidade do yuan”, que recuou 9% desde o começo do ano em relação ao dólar. Mas, se a desaceleração do crescimento mundial se mantiver, a guerra comercial poderia ter consequências maiores nos próximos trimestres, alerta.