Rishi Sunak, primeiro chefe de Governo de origem indiana, parece estar com as horas contadas como primeiro-ministro, vítima das lutas internas e da crise que o Partido Conservador está sofrendo.

O líder dos tories, de 44 anos, desde outubro de 2022, em um cargo que ele deve deixar após as eleições de 4 de julho, tentou em vão frear a perda de votos de seu partido e lutar contra correntes adversas dentro do próprio partido.

Sua ascensão a primeiro-ministro aconteceu de forma inesperada. Após ser nomeado titular da Economia em 2019, no primeiro governo de Boris Johnson, a renúncia do ex-prefeito de Londres em setembro de 2022 e a passagem efêmera de Liz Truss pelo posto, o colocou na liderança do governo em 24 de outubro do mesmo ano.

Apesar de conseguir alguma estabilidade econômica e reduzir significativamente a inflação, Sunak inicia a disputa com pouquíssimas chances de seguir no cargo, segundo as pesquisas, nas quais é superado por mais de 20 pontos de vantagem pelos trabalhistas de Keir Starmer.

“Rishi Sunak está fazendo tudo que é possível, mas provavelmente já está condenado”, escreveu em um artigo no The New York Times em outubro de 2023, reconhecendo seus feitos como primeiro-ministro.

– Tentativa de rebelião –

Mas a situação de crise e o desgaste de um Partido Conservador que está há 14 anos no poder jogam contra ele com vistas às eleições.

Além disso, Sunak tem que enfrentar fortes cisões dentro de seu partido.

O momento de maior de tensão para ele, que pôs em perigo sua liderança dentro da legenda, chegou em uma votação no Parlamento britânico, em meados de janeiro, para levar adiante o polêmico projeto de lei para expulsar os migrantes irregulares para Ruanda.

Durante aquela votação, aproximadamente 60 deputados conservadores rebeldes queriam introduzir emendas, ao considerar que o texto de expulsão dos imigrantes irregulares não era tão severo como gostariam.

Ao final, a rebelião não vingou e Sunak conseguir ir em frente com o plano e manter sua liderança.

De nada lhe serviu ter se autointitulado, em meados de 2023, em uma coluna da The Economist, como “o primeiro-ministro conservador mais direitista de sua geração”.

A ala mais conservadora de seu partido não pensava o mesmo.

Nesses últimos meses, Sunak tentou fazer malabarismos para manter do seu lado a ala mais à direita de seu partido, sem perder o apoio dos mais moderados.

Mas as lutas internas da legenda e a crise econômica pela qual o país está passando, como um grande aumento do custo de vida, parecem condená-lo a deixar o posto.

No final, sonho desse político de origem indiana, cuja família chegou ao Reino Unido vindo do leste da África, pode durar apenas dois anos.

– Primeiro-ministro jovem –

Sunak chegou ao posto com 42 anos, sendo o primeiro-ministro mais jovem desde o século XVIII, em uma carreira meteórica depois de ter entrado para a política em 2015.

Graduado como economista por Oxford, é o deputado com a maior fortuna no Parlamento britânico.

Sua boa situação econômica tem a ver com seu casamento com a indiana Akshata Murty, empresária e estilista bilionária, a primeira esposa de um primeiro-ministro a não ter nacionalidade britânica.

Akshata Murty é filha do fundador da empresa de tecnologia indiana Infosys, fazendo com que ela pertença à família com a quinta maior fortuna do país asiático.

Nascido em Southampton em 1980, Sunak é apaixonado por futebol e torcedor do time de sua cidade de nascimento.

O líder conservador tem uma partida difícil em 4 de julho em uma eleição na qual parte com uma desvantagem de vários gols em relação aos trabalhistas.

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