CIDADE DO MÉXICO, 19 AGO (ANSA) – Os militares mexicanos têm responsabilidades no desaparecimento de 43 estudantes de Ayotzinapa, ocorrido em 2014, apontou a Comissão da Verdade e Acesso à Justiça do governo nesta quinta-feira (18).   

Segundo o documento, o sumiço e a execução dos jovens foi um “crime de Estado” seja por omissão, participação ou ações tomadas à época pelos militares e por políticos locais e federais. Além do desaparecimento, o relatório ainda apontou a culpa dos militares em outros seis assassinatos.   

Conforme informou o jornal “Excelsior”, após um encontro dos parentes das vítimas com o atual presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, “o subsecretário para os Direitos Humanos e presidente da Comissão da Verdade, Alejandro Encinas, afirmou que houve importantes avanços nas investigações e confirmou a existência de provas suficientes para que a Procuradoria Geral da República proceda penalmente contra 51 pessoas, incluindo 10 funcionários de federais”.   

Os servidores, incluindo militares, fizeram parte do governo do então presidente Enrique Peña Neto, mas o mandatário não está entre os investigados pelo crime.   

A Comissão ainda apontou que o “crime de Estado foi cometido por membros do grupo criminoso Guerreros Unidos e agentes de várias instituições do Estado mexicano”. Além disso, afirmam que “autoridades federais e estatais em vários níveis operaram para alterar provas e fatos existentes para levar o caso para uma conclusão diferente da verdade dos fatos”.   

Após o encontro com os familiares, Encinas disse que a reunião foi “difícil e dolorosa” porque, entre outros pontos, “foi oficialmente confirmado que não há nenhum indicação de que os jovens ainda estejam vivos”.   

Os 43 estudantes da escola Isidro Burgos desapareceram entre 26 e 27 de setembro de 2014 enquanto se dirigiam de ônibus para a cidade de Iguala. Eles queriam ir para a capital, Cidade do México, para participar de protestos.   

Até hoje, restos mortais de apenas três jovens foram oficialmente confirmados e, segundo a Comissão, os militares da Marinha teriam adulterado uma área investigada em um depósito de lixo – justamente, onde foram encontrados os restos mortais dos rapazes. (ANSA).