TARANTO, 17 NOV (ANSA) – Regiões do sul da Itália atingidas pelo mau tempo se mobilizaram para obter do governo e da imprensa a mesma atenção que Veneza, que dominou o noticiário nacional e virou destaque na mídia estrangeira nos últimos dias por conta das cheias que inundaram seu centro histórico.   

Na província de Taranto, situada na Puglia, o “salto da bota” que simboliza o mapa italiano, cidades se uniram para pedir ao governo a declaração de estado de calamidade natural, que permite ações imediatas para ajudar o setor agrícola.   

Diversas zonas rurais do sul da Itália contabilizam danos milionários por causa de tempestades e deslizamentos de terra e pedem ajuda do governo. “Pedimos oficialmente a ativação do estado de calamidade, com a consequente disponibilização dos recursos necessários e com as mesmas sensibilidade e atenção que foram reservadas a Veneza, também duramente atingida pelo mau tempo”, disse o presidente da província de Taranto, Giovanni Gugliotti.   

O governo italiano declarou estado de emergência em Veneza em 14 de novembro, dois dias depois da segunda maior “acqua alta” da história da cidade, que registrou 187 centímetros acima do nível médio da água. Além disso, destinou 20 milhões de euros para intervenções imediatas.   

Além da Puglia, o mau tempo castigou regiões como Basilicata, especialmente Matera, Capital Europeia da Cultura em 2019, e Campânia, todas no sul do país. Já no extremo-norte, nevascas isolaram comunidades inteiras na Província Autônoma de Bolzano.   

“As ajudas aos cidadãos de Veneza são muito bem-vindas. Estamos na linha de frente. Do mesmo modo, esperamos essa mesma ajuda para outras cidades”, afirmou neste domingo (17) o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, que é natural da Campânia.   

O chanceler é líder do partido populista Movimento 5 Estrelas (M5S), cuja base eleitoral fica no sul do país, que tem índices sociais e econômicos muito distantes da rica Itália setentrional. “Nas próximas horas, levaremos ao Conselho dos Ministros os estados de emergência pedidos por outras prefeituras e regiões”, acrescentou Di Maio.   

Norte x sul – Nas redes sociais, a repercussão dos desastres naturais na Itália opõe sobretudo Veneza a Matera, que protagonizam uma espécie de batalha entre norte e sul.   

“Não é Veneza, é Matera, na Basilicata”, disse o internauta Savio, que postou nas redes sociais uma foto que mostra uma rua no centro histórico da cidade transformada em rio por causa das chuvas. “Grandes danos em todo o sul, mas ninguém parece se importar”, reforçou outro usuário.   

Um terceiro internauta foi ainda mais duro. “Não me importo um c… com Veneza. Todos se mobilizam: dinheiro para as empresas, dinheiro para os cidadãos, contas para angariar fundos em todos os telejornais. Ninguém se preocupa com Matera. O mau tempo no sul não faz barulho”, escreveu. (ANSA)