Suíços rejeitam novo imposto sobre herança para multimilionários

Suíços rejeitam novo imposto sobre herança para multimilionários

"JuventudeCríticos de proposta para taxar em 50% heranças acima de R$ 334 milhões em favor do clima temiam "fuga" de super-ricos. Referendo também rechaçou extensão do serviço militar ou social a mulheres.Os eleitores da Suíça rejeitaram de forma contundente neste domingo (30/11) a criação de um novo imposto sobre heranças para multimilionários, que propunha arrecadar fundos dos mais ricos do país para combater as mudanças climáticas e reestruturar a economia.

A rejeição veio através de um referendo no qual os suíços também votaram em ampla maioria contra uma proposta para substituir o formato atual do serviço militar por outra que incluiria todos os cidadãos suíços, independentemente do sexo, para servir ao Exército ou em funções civis.

Autoridades eleitorais relataram que o imposto sobre heranças foi rejeitado de 78,3% dos votantes, enquanto a chamada proposta de Dever Cívico, que abrangeria todos os jovens, foi rechaçada por 84,2%.

Possível "fuga" dos super-ricos

A organização Jovens Socialistas (Juso), a ala jovem do Partido Social-Democrata suíço (PS), havia proposto a chamada Iniciativa para um Futuro, que previa um imposto de 50% sobre heranças de ativos no valor de 50 milhões de francos suíços (R$ 334 milhões) ou mais.

A receita seria utilizada para financiar "medidas socialmente justas para combater a crise climática e a necessária reestruturação da economia como um todo".

Contudo, uma frente ampla de partidos e associações empresariais se opôs à proposta, argumentando que os ricos poderiam emigrar do país e que, como resultado, a arrecadação de impostos diminuiria.

Há regras variadas em relação ao imposto sobre herança nos 26 estados federativos do país – ou cantões –, sendo que a maioria destes não impõe taxas sobre cônjuges ou descendentes diretos.

Proposta visava igualdade no dever cívico

A proposta de Dever Cívico defendia a inclusão de todos os jovens ou nas Forças Armadas e ações de emergência em desastres, ou em outras funções em áreas como educação, saúde ou assistência social.

Atualmente, apenas os homens estão sujeitos ao serviço militar obrigatório, embora possam optar pelo serviço civil. As mulheres podem se alistar no serviço militar de maneira voluntária.

A iniciativa visava à "verdadeira igualdade", disse a chefe do comitê em favor da proposta, Noemie Roten. Ela descreveu o sistema atual como discriminatório para os homens, mas também para as mulheres, que são amplamente excluídas do convívio e das experiências obtidas durante o serviço.

Os oponentes da iniciativa diziam que as mulheres já representavam a grande maioria das tarefas não remuneradas na sociedade suíça e insistiram que seria injusto exigir que elas fizessem mais.

"As mulheres, naturalmente, continuam a ter a opção de prestar serviço militar ou civil, se assim o desejarem", disse o Ministro da Defesa, Martin Pfister, após a votação.

O governo também argumentou que duplicar o número de recrutas excederia em muito as necessidades e duplicaria os custos do atual sistema de recrutamento da Suíça.

rc/ra (AFP, AP)