Existe um risco cada vez maior de os bancos da Suíça abrigarem recursos provenientes de corrupção, uma vez que essas instituições buscam administrar fortunas de países emergentes, afirmou hoje Mark Branson, executivo-chefe do órgão suíço de supervisão de mercados financeiros, conhecido como Finma.

Segundo Branson, é crescente a tendência do setor bancário suíço de aceitar “dinheiro de mercados distantes e que antes eram menos familiares”. Isso, diz ele, transfere “os riscos ligados a leis tributárias para riscos relacionados a lavagem de dinheiro”.

“Com frequência, é mais difícil determinar a origem do dinheiro de países desenvolvidos”, comentou Branson.

O chefe da Finma citou como exemplos recentes o escândalo da Petrobras e um suposto caso de lavagem envolvendo o fundo de investimento estatal malaio 1Malaysia Development Bhd., ou 1MDB. A Finma investigou mais de 20 bancos suíços e iniciou procedimentos contra sete deles, ligados aos dois casos.

“Há indicações concretas de que as medidas de que esses bancos dispunham para combater lavagem de dinheiro eram inadequadas”, afirmou Branson.

No caso da Petrobras, um quarto dos bancos sob investigação não seguiam as regras de combate a lavagem de dinheiro de forma apropriada.

A procuradoria-geral da Suíça abriu investigações relacionadas à Petrobras e ao 1MDB. A entidade estima que US$ 4 bilhões podem ter sido desviados pelo fundo malaio.

O recente vazamento dos chamados Panama Papers, documentos da empresa panamenha Mossack Fonseca que descrevem o uso de offshores para ocultar recursos ligados a sonegação fiscal e outras irregularidades, “é apenas a última prova de como o dinheiro flui como água através de múltiplas jurisdições, às vezes para fins legítimos, às vezes não”, afirmou Branson. Fonte: Dow Jones Newswires.