A Suécia recebe nesta quarta-feira (13) um fórum internacional contra o antissemitismo e em memória do Holocausto em Malmö, uma cidade multicultural do sul do país, que tenta conter uma recente onda de ódio contra os judeus.

A cidade recebeu o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, representantes da ONU e de 40 países, convidados pelo primeiro-ministro sueco, o social-democrata Stefan Löfven.

“Recordar não basta. Os últimos sobreviventes da Shoah estão nos deixando, mas o antissemitismo perdura. Está de novo em alta. Por isso que devemos fazer algo mais que recordar. Devemos agir”, afirmou Charles Michel, poucos dias depois de a União Europeia apresentar sua primeira estratégia de luta contra o antissemitismo.

Stefan Löfven, que deixará o cargo de primeiro-ministro em novembro, fez da luta contra o antissemitismo uma de suas últimas batalhas e prometeu proteger de maneira mais eficiente os 15.000-20.000 judeus da Suécia.

As denúncias por crimes de ódio a judeus aumentaram mais de 50% entre 2016 e 2018, passando de 182 a 278, e representam 6% das denúncias por racismo do país, segundo as estatísticas mais recentes do Conselho de Prevenção ao Crime.

“Alguns fazem a saudação nazista quando veem minha estrela de David, ou riem porque sou judia”, afirmou Mira Kelber, moradora de Malmö.

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“Uma vez, uma garota me disse: ‘Ela é judia. Vamos usar gás!'”, acrescentou a jovem de 21 anos, filha de um sobrevivente do Holocausto.

As autoridades prometeram aumentar os recursos da polícia e dos dispositivos de proteção das congregações mais ameaçadas, assim como reforçar a prevenção entre os jovens.

A inquietação na cidade começou no início dos anos 2000 com os insultos e agressões sofridos por sua pequena comunidade judaica, de apenas 500-600 pessoas atualmente, quatro vezes menos que em 1970.

O porto escandinavo, por onde os judeus dinamarqueses fugiram dos nazistas e para onde foram enviados ônibus com vários sobreviventes do extermínio nazista após sua libertação, começou a ganhar destaque como foco de um novo ódio na Europa.

“Atualmente, Malmö tem uma reputação melhor que há cinco ou 10 anos, porque trabalhamos muito mais para lutar contra o antissemitismo”, declarou à AFP a dirigente da comunidade judaica local, Ann Katina. “Mas é um combate que não acabou”, advertiu.

“Há uma preocupação geral”, resumiu Mirjam Katzin, coordenadora da luta contra o antissemitismo nas escolas de Malmö, um cargo único no país.

Os temores se concentram nos ataques de ódio na internet e representantes de grandes empresas de tecnologia foram convidados ao fórum.

Ronald Lauder, presidente do Congresso Judaico Mundial, afirmou que “o que (os jovens) aprenderam, aprenderam na internet, redes sociais, o que veem hoje nas redes sociais é ódio”.

O grupo americano Google anunciou que destinará 5 milhões de euros (5,7 milhões de dólares) à luta contra o antissemitismo online.

De acordo com a agência dos direitos fundamentais da União Europeia, nove em cada 10 judeus consideram que o ódio contra eles aumentou em seus países e 38% pensam em emigrar porque não se sentem seguros.


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