O Sudão comemorou neste domingo (18) o acordo histórico assinado na véspera pelos generais e os dirigentes dos protestos para avançar para um governo civil, mas a aguardada nomeação do Conselho Soberano que vai comandar a transição foi adiada para a segunda-feira.

Assim como ocorreu no sábado, milhares de pessoas foram neste domingo às ruas da capital sudanesa, Cartum, para comemorar que os militares no governo e os líderes das manifestações tenham assinado um acordo que dá início a um processo de transição impulsionado por um Conselho Soberano, formado por 11 membros (seis civis e cinco militares).

Aguardado para este domingo, o anúncio da composição deste conselho não ocorreu até o final do dia. Segundo fontes da oposição, só foram eleitos por enquanto cinco dos onze membros, e a lista completa será conhecida na segunda-feira.

A cerimônia de assinatura no sábado, à qual assistiram mandatários internacionais, representou um acontecimento político no país, após anos de conflito.

Vários países comemoraram a assinatura de um acordo considerado o ponto de partida de um “novo Sudão”, que deixe para trás o regime de Omar al Bashir, que deteve durante 30 anos o poder com mão-de-ferro.

“Este acordo responde às aspirações do povo sudanês, que pediu sem trégua uma mudança e um futuro melhor”, escreveu o secretário de Estado britânico para a África, Andrew Stephenson.

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O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, prometeu que Washington vai apoiar a escolha de um governo que proteja os direitos de todos os sudaneses e organize eleições livres e equitativas.

Após o ato histórico de sábado, várias etapas deverão ser superadas antes da convocação de eleições, previstas para 2022.

A primeira será a formação do Conselho Soberano de Transição, dirigido primeiro por um general durante 21 meses e depois por um civil os 18 meses restantes.

A Aliança para a Liberdade e a Mudança (ALC), movimento impulsionador dos protestos, nomeou na quinta-feira Abdalla Hamdok, um ex-economista da ONU, para o cargo de primeiro-ministro. O Conselho Soberano deve ratificá-lo na terça.

Está prevista a formação do novo governo para 28 de agosto, com 20 membros no máximo, e seu principal desafio será impulsionar uma economia em profunda crise.

Os oito meses de protestos inéditos que provocaram a queda do presidente Omar al Bashir deixaram mais de 250 mortos, segundo um comitê de médicos próximos aos protestos.


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