Ao ouvir a palavra “drift”, talvez você pense automaticamente no filme Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio. Esta categoria do automobilismo, cheia de freadas e manobras, foi retratada em um filme que se passa no Japão por ter nascido e ser popular lá. No Brasil, o principal campeonato é o Super Drift Brasil, disputado desde 2015.

Não é o primeiro que foi criado no Brasil, mas ocupa um vácuo. O Campeonato Brasileiro de Drift acabou em 2014 e o empresário Walter Santana Netto, que já cuidava do Paulista de Drift, expandiu algumas corridas para criar o Super Drift Brasil em 2015. No final de 2016, o torneio foi reconhecido como oficial pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), sendo o único nacional da categoria.

“Trabalho com o drift desde 2001, em diferentes torneios, e tenho contatos com os campeonatos internacionais, principalmente do Japão e dos Estados Unidos. Com isso, aproveitei para fundar o torneio, chamando os melhores pilotos do Brasil para participar. Eu consegui, por exemplo, o melhor juiz do mundo, o Ryan Lanteigne, para ajudar aqui”, conta Netto.

Nas competições profissionais de drift, são necessários três juízes, que avaliam estilo e impacto das manobras, a manutenção do percurso demarcado e a velocidade e o ângulo do deslizamento da parte traseira do carro. O critérios perfazem a nota de uma fase classificatória.

Depois, os pilotos batalham entre si, com o primeiro enfrentando o último e assim por diante. As duplas de pilotos dão duas voltas na pista, se alternando na liderança, em que são julgados pelos mesmos critérios. Os juízes novamente dão pontos para as manobras e um deles precisa ter dois votos para avançar. Em caso de empate, os pilotos dão mais duas voltas na pista e são julgados novamente. Assim acontece até a final.

Atualmente, o piloto Diega Higa é tricampeão, e lidera dentre os doze que disputam a atual edição. “Estou há bastante tempo no esporte, e sempre treino muito, pratico várias horas no simulador. Acho que esse é o meu diferencial para ter resultados tão bons”, explica Higa, de 22 anos, que começou no esporte aos 14 por influência do pai, que morou no Japão e também o praticava.

Higa também já competiu fora do país e, com essa experiência, elogia o torneio brasileiro. “Em questão de estrutura de apoio aos pilotos, como as luzes na pista, é muito bom. Também sou mais bem atendido aqui. Lógico que a grana não é tão alta, mas esse tipo de coisa faz ser prazeroso correr”, opina.

Hoje, o Super Drift Brasil tem cinco etapas, sendo três no estado de São Paulo, uma em Santa Luzia (MG) e outra em Londrina (PR). “Já tentei fazer em mais locais, mas é melhor manter onde tenho mais retorno de público. Se for para crescer, que seja em algum lugar onde consigamos atrair bastante gente”, relata Netto, que também diz não ir para alguns Estados para não enfraquecer a cena local.

Quanto às transmissões, a categoria tem apostado no YouTube. “Busquei as maiores empresas de TV, mas ainda não deu certo. Então, começamos a transmitir no YouTube para os fãs que estão fora dos autódromos. Estamos indo bem nisso, crescendo o público tanto nas pistas quanto fora delas”, acredita o CEO do Super Drift Brasil.

Apesar do aumento da audiência, o campeonato ainda não é lucrativo – Netto não se preocupa, já que isso está dentro dos planos de investimento inicial. O Super Drift Brasil tem três patrocinadores (uma marca de energéticos, uma importadora de carros e uma cadeia de supermercados) e busca mais.