As autoridades sanitárias da cidade de São João del-Rei, localizada a cerca de 188 km de Belo Horizonte (MG), investigam a transmissão da bactéria Streptococcus pyogenes que estaria relacionada à morte de três crianças e à internação de outras quatro.

Resumo:

  • Morte e internação de crianças podem estar relacionadas à infecção por Streptococcus pyogenes; 
  • Em alguns casos, a bactéria pode sair das “vias comuns” e provocar pneumonia e até infecção de pele, o que eleva o risco de desenvolver quadros graves;
  • O diagnóstico tardio é um dos fatores para a letalidade nos casos graves da infecção.

Em entrevista à ISTOÉ, a médica infectologista Andrea Marques de Miranda, que é a responsável pelo serviço de Controle de Infecção do Hospital e Maternidade Brasil, da Rede D’Or, explicou que esse tipo de bactéria é comum e circula normalmente durante o período de inverno e começo da primavera. A sua contaminação acontece por meio das gotículas que saem da boca das crianças de cinco a 15 anos quando elas tossem ou espirram.

“Essa bactéria está muito associada à infecção de garganta (faringite), que normalmente desenvolve um quadro leve. Porém, em alguns casos, a bactéria acaba saindo da sua via comum (na mucosa nasal e na garganta) podendo causar pneumonia e até infecção de pele, que ambas podem evoluir para um quadro grave e, assim, terem uma alta letalidade se não forem tratadas adequadamente”, completou.

Ainda de acordo com a infectologista, a infecção de pele é a que tem mais chances de mortalidade, pois entraram no organismos por meio de um machucado, que não necessariamente precisa ser uma ferida. “Essa é a grande questão, porque apenas uma batida pode facilitar a contaminação dessa bactéria, mas isso é bem raro”, ressaltou.

“O problema nesses casos, que podem levar a óbito, é o diagnóstico tardio. Por isso, na suspeita de infecção por Streptococcus pyogenes, é necessária a adoção de medidas rápidas, como internação e administração de medicações antimicrobianas intravenosas”

Os principais sintomas são dessa infecção são: amidalite, febre persistente, náuseas e vômitos e uma dor no corpo progressiva.

“Ao observar esses sintomas, é fundamental levar a criança para uma avaliação médica em vez de realizar a automedicação, que infelizmente a população costuma fazer, pois o uso de anti inflamatórios pode mascarar os sintomas e, assim, a infecção evolui para um quadro grave”, alertou a infectologista.

O que diz a Secretaria de Saúde?

Por meio de nota enviada à ISTOÉ, a SES-MG (Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais) informou que acompanha os casos junto à Unidade Regional de Saúde e à Prefeitura Municipal de São João del-Rei. Também ressaltou que amostras das crianças que morreram foram encaminhadas para a Funed (Fundação Ezequiel Dias), onde são analisadas.

“Neste momento, não há critérios que comprovem surto ou risco à saúde da população de São João Del Rei, bem como nenhuma evidência epidemiológica que justifique a alteração na rotina das atividades da população, segundo as recomendações do Cievs (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde) de Minas”, acrescentou.

A pasta ainda comunicou que os profissionais de saúde estão passando por treinamentos para conseguirem detectar de maneira precoce os casos de infecção.

O portal entrou em contato com a Prefeitura de São João del-Rei para saber quais medidas a administração tem adotado, porém não obteve resposta até o momento. O espaço permanece aberto.