O Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar nesta quinta-feira três recursos contra a realização da Copa América-2021 no Brasil, questionada por diversos setores do país, que é o segundo do mundo em números absolutos de mortes por coronavírus e que espera uma terceira onda da pandemia.

Quatro dos onze magistrados já se manifestaram a favor da autorização do campeonato regional de seleções.

Os juízes têm até às 23h59 desta quinta-feira) para votar remotamente os pedidos do Partido dos Trabalhadores (PT), da Confederação Nacional dos Metalúrgicos e do Partido Socialista Brasileiro para suspender o torneio, cuja partida inaugural está marcada para domingo em Brasília, devido ao risco sanitário que acarreta.

O voto da mais alta corte pode ser o último obstáculo para o torneio que o presidente Jair Bolsonaro, um dos líderes mais questionados por sua gestão da pandemia, concordou em aceitar após a saída da Argentina semanas atrás, devido ao agravamento da pandemia, e da Colômbia, em meio a uma convulsão social que deixou dezenas de mortos.

Diversos meios de comunicação garantem que o STF não interferirá na realização da Copa América, embora possa alertar o governo sobre a necessidade de reduzir possíveis danos.

A ministra Cármen Lúcia, um dos magistrados que indeferiram os pedidos de suspensão sustentou que caberá às autoridades dos estados que receberão as partidas “definir, fazer cumprir e controlar os protocolos para não se ter um ‘copavírus’, fonte de novas infecções e transmissão de novas cepas”.

Já o ministro Ricardo Lewandowski pediu um plano detalhado com ações de preventivas antes do início do torneio de seleções mais antigo do mundo.

Desde que o governo Bolsonaro confirmou a Copa América na segunda-feira da semana passada, que será disputada sem público até o dia 10 de julho no Rio de Janeiro, Brasília, Cuiabá e Goiânia, as críticas não param de chover sobre sua realização.

Na quarta-feira, a Mastercard anunciou que decidiu não “ativar” seu patrocínio, retirando sua logomarca do torneio continental, e depois a gigante das bebidas, a Ambev, que faz parte da gigante global AB Invev, informou que “suas marcas não estarão presentes na Copa América”.

– Brasil promete “ambiente controlado” –

Na terça-feira, após a vitória sobre o Paraguai nas Eliminatórias para a Copa do Mundo, os jogadores da Seleção se manifestaram contra “a organização da Copa América”, embora tenham garantido que disputarão o torneio que conquistaram em 2019, também realizado no Brasil, negando rumores de boicote.

Astros sul-americanos como o uruguaio Luis Suárez, o colombiano Juan Guillermo Cuadrado e o argentino Sergio Agüero criticaram publicamente o evento. A este coro se juntaram os treinadores do Equador Gustavo Alfaro; do Peru, Ricardo Gareca, e do Chile, Martín Lasarte.

Epidemiologistas e outros especialistas em saúde garantem que o país, que está se aproximando de meio milhão de mortes por covid-19, enfrenta atualmente um novo surto da pandemia, com aumento de casos, e que a realização da Copa América que reúne dez países, poderia piorar a situação.

No entanto, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, garante que o torneio, o quarto nos últimos seis anos, será realizado em “ambiente controlado”, com exames periódicos para jogadores e protocolos sanitários especiais.

As autoridades brasileiras haviam dito que as dez equipes participantes deveriam ter suas delegações, de até 65 pessoas, vacinadas para entrar no Brasil, mas Queiroga recuou, garantindo que as vacinas poderiam “comprometer o ritmo competitivo dos jogadores” e também, devido ao fato de os atletas poderem não conseguir adquirir a imunidade.

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