O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostra que não dará trégua para os que ameaçam a democracia e tumultuam o ambiente da disputa eleitoral. Nesta terça-feira, 23, em operação da Policia Federal, oito empresários bolsonaristas foram alvos de mandados de busca e apreensão em endereços de suas empresas em ação determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF e presidente do TSE, por terem compartilhado mensagens golpistas em grupo de WhatsApp.

Os mandados estão sendo cumpridos em cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará e envolvem cerca de 35 policias federais. Foram determinados, também, o bloqueio das contas bancárias dos empresários, bloqueio das contas nas redes sociais, tomada de depoimentos e a quebra de sigilo bancário.

São alvos desta operação: Luciano Hang, dono da Avan; José Peres, dono da administradora de shoppings Multiplan; Ivan Wrobel, da construtora W3 engenharia; Meyer Nigri, fundador da Tecnisa; José Koury, dono do shopping Barra World; Marco Aurélio Raymundo, dono da Mormaii; Afrânio Barreira, dono do Coco Bambu; e Luiz André Tissot, do Grupo Sierra.

No último dia 17, o site Metrópole divulgou em uma reportagem mensagens destes empresários em um grupo de WhatsApp, chamado Empresários & Política, criado no ano passado, no qual defendem um golpe de estado, caso o ex-presidente Lula ganhe as eleições em outubro.

Segundo o Metrópole, além de ameaçar a promoção de um golpe contra a democracia, os empresários bolsonaristas atacam de forma frequente as instituições brasileiras como o STF e o TSE. ‘’Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, disse José Koury, dono do shopping Barra World, localizado no Rio de Janeiro.

O empresário e médico Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo, respondeu na sequência. ‘’Golpe foi soltar o presidiário”, “Golpe é o ‘Supremo’ agir fora da constituição”, “ Golpe é a velha mídia só falar merd*.” As mensagens de Koury, também obtiveram apoio do dono do Coco Bambu, Afrânio Barreira, e do empresário André Tissot, do Grupo Sierra. Ele afirmou que “o golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. Em 2019 teríamos ganhado outros 10 anos amais.”

Os empresários também manifestaram intenção de comprar votos de seus funcionários. ‘’Alguém aqui no grupo deu uma ótima ideia, mas temos que ver se não é proibido. Dar um bônus em dinheiro ou um prêmio legal pra todos os funcionários das nossas empresas.”, afirmou Koury em uma mensagem compartilhada no grupo.

Após a divulgação da reportagem, Hang, Koury, ’Morongo’, Nigri, Barreira, Peres e Wroblel, divulgaram notas afirmando não defenderem a implementação de uma ditadura militar no Brasil e que defendem a democracia. Vale lembrar, contudo, que a conversa destes empresários não pode ser igualada a uma conversa de bar, pois eles possuem grande poder aquisitivo, são articulados, influentes e possuem recursos necessários para dar cabo aos seus propósitos. A sociedade já deixou claro que ataques à democracia não serão tolerados.

Na última semana, após a reportagem ter sido divulgada, um grupo de advogados e entidades apresentou uma petição ao STF pedindo que os empresários fossem investigados no inquérito que apura a atuação de milícias digitais contra a democracia e instituições. Além dele, também o senador Rodolfe Rodrigues (Rede-AP) pediu que o STF investigue o grupo ligado ao presidente.

Luciano Hang, que foi alvo de três mandados de busca e apreensão (dois endereços em Brusque e um em Balneário Camburiu, em Santa Catarina), afirmou que foi ‘tratado como bandido’ durante operação. “Hoje, fui tratado novamente como um bandido. Estava trabalhando, às 6h da manhã, na minha empresa, quando a Policia Federal chegou. Uma matéria fora de contexto e irresponsável me colocou nessa situação. Eu nunca falei sobre golpe.” Falou sim.