STF decide por unanimidade tornar Eduardo Bolsonaro réu por crime de coação

STF decide por unanimidade tornar Eduardo Bolsonaro réu por crime de coação

"ODeputado foi denunciado pela PGR sob acusação de atuar junto a autoridades nos EUA para tentar interferir no julgamento do pai. Ministra Cármen Lúcia deu o voto final pelo recebimento da denúncia neste sábado.A Primeira Turma Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, receber a denúncia contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e torná-lo réu pela acusação de crime de coação.

Os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin já haviam votado nesse sentido na sexta-feira (14/11), formando maioria. Neste sábado (14/11), foi a vez de a última integrantes da turma, a ministra Cármen Lúcia, declarar seu voto, também pelo recebimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que acusou Eduardo Bolsonaro de tentar interferir no julgamento do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro , condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.

Apesar de todos os integrantes da turma já terem votado, a análise no plenário segue aberta até 25 de novembro. Até lá, os ministros ainda podem mudar o voto.

Por que Eduardo Bolsonaro pode virar réu no STF

Eduardo, que está nos Estados Unidos desde o final de fevereiro deste ano, declarou ele próprio que permaneceria no país para convencer o governo do presidente americano Donald Trump a pressionar pela anistia dos réus da trama golpista.

Meses depois, em julho, Trump anunciou um tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras – citando, entre outros motivos, o que chamou de "caça às bruxas" contra Jair Bolsonaro, à época réu no STF por tentativa de golpe de Estado. Também sancionou o ministro Moraes , relator dos processos da trama golpista no STF, e outras autoridades brasileiras.

Para a Procuradoria-Geral da República (PGR), a conduta de Eduardo caracterizou crime de coação contra o Judiciário brasileiro – punível com até quatro anos de prisão.

O deputado foi denunciado pela PGR junto com o jornalista Paulo Figueiredo, que também vive nos EUA, mas o processo acabou desmembrado por Moraes.

À época, Eduardo e Figueiredo reagiram por nota dizendo-se vítimas de "perseguição política".

Eduardo, que foi notificado por edital, é representado por um defensor público, que pede o arquivamento do caso alegando que a conduta do deputado não configura crime de coação porque ele não teria agido com violência ou grave ameaça.

O que Moraes disse

Moraes acatou os argumentos da PGR de que as ações de Eduardo Bolsonaro tinham "como objetivo a criação de um ambiente institucional e social de instabilidade, com aplicação de crescentes sanções a autoridades brasileiras e prejuízos econômicos ao Brasil" para beneficiar Jair Bolsonaro. Além disso, escreveu que a estratégia foi "abundantemente" registrada nas redes sociais do deputado.

Para o ministro, Eduardo "insistiu na estratégia de ameaçar gravemente" os membros da Corte, "inclusive alardeando a possível aplicação das sanções aos demais ministros da Primeira Turma", que condenou o pai dele.

Segundo Moraes, o deputado pretendia "criar ambiente de intimidação […] também sobre as autoridades responsáveis por um possível projeto de anistia aos crimes imputados a Jair Bolsonaro e corréus responsáveis pela tentativa de golpe de Estado ocorrida no Brasil".

ra (Agência Brasil, ots)