O Supremo Tribunal Federal discutirá na quinta-feira uma pedido que busca impedir que a Copa América aconteça no país devido à gravidade da pandemia, que já deixou mais de 474 mil mortos desde março de 2020, informou o órgão nesta terça-feira (8).

Os magistrados da suprema corte vão votar, à distância e no prazo de 24 horas, o futuro do campeonato, marcado para acontecer entre domingo, dia 13 de junho, e 10 de julho, cuja realização conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro, conforme indicou em relatório o gabinete da ministra Cármen Lúcia, encarregada do caso.

“O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, convocou para quinta-feira (10) uma sessão virtual extraordinária, com duração de 24 horas, para os ministros decidirem sobre a realização da Copa América no Brasil”, indicou um boletim do órgão publicado nesta terça-feira.

Os juízes da mais alta corte do país vão votar em duas ações que pedem a suspensão do torneio: uma da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos e outra do Partido Socialista Brasileiro e o deputado federal Júlio Delgado.

Os demandantes alertam que, em sua opinião, o torneio de seleções mais antigo representa um risco à saúde e viola os direitos à vida e à saúde, acrescenta o texto.

– Montanha-russa –

O possível veto judicial pode ser o último obstáculo na tumultuada Copa América-2021, que originalmente deveria ser disputada no ano passado na Argentina e na Colômbia.

No entanto, o Brasil assumiu de forma inesperada a organização na última segunda-feira, faltando duas semanas para o início do torneio após as retiradas semanas atrás da Argentina, devido ao agravamento da pandemia, e da Colômbia, em meio a uma convulsão social que já deixou dezenas de mortos.

A escolha do Brasil como sede provocou uma enxurrada de críticas internas e externas devido à grave situação sanitária no Brasil, segundo país com mais mortes (mais de 474 mil), número superado apenas pelos Estados Unidos.

Os jogadores e a comissão técnica da Seleção manifestaram à CBF, responsável pela logística, sua oposição ao torneio ser realizado no país, segundo a mídia.

A postura dos atletas e o apoio do técnico, cuja continuidade começou a ser questionada, geraram uma crise na Canarinha, que atingiu seu auge com a decisão aununciada no domingo para que o presidente da CBF, Rogério Caboclo, se ausentasse temporariamente do cargo devido às denúncias de uma funcionária da entidade de assédio sexual e moral.

– Expectativa –

Os rumores de boicote diminuíram com a saída de Caboclo e após os jogadores da seleção brasileiros concordarem em disputar a o torneio, segundo o site Globo Esporte publicado na segunda-feira, embora seja esperado que depois do jogo das Eliminatórias contra o Paraguai, na noite desta terça-feira em Assunção, revelem um manifesto com críticas à forma como a Copa América foi organizada.

“Vamos conversar (depois do jogo contra o Paraguai). Não queremos nos desviar do nosso objetivo, que para nós é a Copa do Mundo”, disse o capitão Casemiro na sexta-feira, após a vitória por 2 a 0 sobre o Equador, em Porto Alegre pela sétima rodada das Eliminatorias rumo à Copa do Catar-2022.

Astros sul-americanos como o uruguaio Luis Suárez, o colombiano Juan Guillermo Cuadrado e o argentino Sergio “Kun” Agüero criticaram publicamente o evento. A este coro se juntaram os treinadores do Equador, Gustavo Alfaro, e do Chile, Martín Lasarte.

A Copa América está prevista para ser disputada entre os dias 13 de junho e 10 de julho, sem público, no Rio de Janeiro, Cuiabá, Brasília e Goiânia.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, garantiu na véspera que a Copa, a quarta nos últimos seis anos, será realizada em “ambiente controlado”, com exames periódicos para atletas e protocolos sanitários especiais.

As autoridades brasileiras haviam dito que as dez seleções participantes deveriam ter suas delegações vacinadas, de até 65 pessoas, para entrar no Brasil, mas Queiroga recuou, garantindo que a vacina pode causar uma reaçção e isso poderia “comprometer o ritmo competitivo dos jogadores” e também, devido ao fato de que os atletas poderiam não conseguir adquirir imunidade.

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