STF adia conclusão de julgamento sobre suspeição de Moro

SÃO PAULO, 9 MAR (ANSA) – O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu vista do processo que analisa a suspeição do ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro e com isso adiou a conclusão da decisão.   

“Todos os demais membros da Segunda Turma já são senhores no conteúdo deste processo. Já o conhecem e não teriam dificuldade de votar mesmo com processo sendo pautado com exíguo espaço de tempo. Então, senhor presidente, peço as devidas escusas a Vossas Excelências, mas preciso pedir vista para analisar o conteúdo desse processo”, pediu o magistrado.   

A 2ª Turma do STF, formada por Edson Fachin, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Nunes Marques, iniciou a sessão nesta terça-feira(9) a ação de suspeição movida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra Moro, depois que Fachin anulou as condenações do petista na Lava Jato de Curitiba.   

Os ministros precisam decidir se Moro agiu com parcialidade ao condenar o ex-presidente no caso do triplex do Guarujá, investigação no âmbito da Operação Lava Jato no Paraná.   

Apesar de Nunes Marques solicitar vista, o ministro Lewandowski pediu para apresentar o voto nesta sessão.   

Cármen e Fachin já haviam votado contra a suspeição de Moro em dezembro de 2018. No entanto, a ministra disse que irá apresentá-lo novamente na próxima sessão. O mesmo pode ocorrer com Fachin.   

Hoje, o primeiro a votar foi o relator Gilmar Mendes, que falou em “maior escândalo da história”. “Meu voto não apenas descreve cadeia sucessiva a compromisso da imparcialidade como explicita surgimento e funcionamento do maior escândalo judicial da nossa história”, disse.   

Em seu discurso, o ministro fez diversas críticas à Lava Jato, que foram muito além do caso envolvendo Lula. “O combate à corrupção é fundamental. Agora, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. O combate à corrupção tem que ser feito dentro dos moldes legais. Não se combate crime cometendo crime”, ressaltou Mendes.   

Segundo ele, “ninguém pode se achar o ó do borogodó. Cada um vai ter seu tamanho no final da história”. “Um pouco mais de modéstia. Calcem as sandálias da humildade”, pediu.   

Além disso, Mendes criticou a imprensa e disse que se estabeleceu um “conluio vergonhoso entre a mídia e os procuradores e o juiz”. (ANSA)