Diagnosticado em 1964 com uma esclerose lateral amiotrófica (ELA), o britânico Stephen Hawking desafiou constantemente sua deficiência ao longo de sua vida, encontrando maneiras alternativas de se comunicar e se tornar um cientista de renome mundial.

“Minhas esperanças foram reduzidas a zero quando tinha 21 anos. Tudo o que aconteceu desde então é apenas um bônus”, disse ele ao New York Times em 2004, referindo-se a sua doença.

Ao anunciarem seu diagnóstico, os médicos disseram que ele tinha apenas alguns anos de vida.

A doença o privou progressivamente da mobilidade e o confinou a uma cadeira de rodas, quase completamente paralisado e incapaz de falar, exceto através de um sintetizador vocal.

“Eu vivi cinco décadas mais do que os médicos haviam predito. Tentei fazer bom uso do meu tempo”, declarou em 2013, durante a apresentação de “Hawking”, um documentário autobiográfico. “Porque todo o dia pode ser o último, tenho o desejo de aproveitar ao máximo cada minuto”, explicou.

Apesar de sua deficiência, o cientista soube multiplicar os suportes para compartilhar suas descobertas sobre os segredos do Universo.

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– Best seller –

Através da redação de artigos científicos, bem como um best seller internacional, “Uma Breve História do Tempo”, Stephen Hawking conseguiu expressar seu gênio e compartilhar suas descobertas sobre os buracos negros com uma facilidade surpreendente.

Esta popular publicação de divulgação científica, lançada em 1988, vendeu mais de 10 milhões de cópias e foi traduzida para 35 idiomas. Aborda a criação do Universo e seu desenvolvimento e as leis que o governam em linguagem simples.

Acessível aos não iniciados, o livro ajudou a tornar o cientista reconhecido uma grande figura pública da pesquisa, tanto no Reino Unido como no exterior.

“A Teoria de Tudo”, que também narra sua luta contra a doença, foi adaptado ao cinema e o filme premiado no Oscar e Globos de Ouro em 2015. Eddie Redmayne foi premiado com o Oscar de melhor ator por sua incrível interpretação de um Hawking jovem e sonhador, apesar dos infortúnios.

A fama de Stephen Hawking até o fez participar em séries de tv como “Star Trek” e “The Big Bang Theory”, e o pesquisador tem seu próprio personagem em “Os Simpsons”.

Tantos compromissos assumidos em paralelo com sua brilhante carreira na Universidade de Cambridge, onde foi notoriamente titular da cadeira de professor lucasiano, uma cátedra de matemático ocupada em seu tempo por Isaac Newton, pai da teoria da gravidade universal.

“Minha deficiência não tem sido uma limitação importante para minha pesquisa no meu campo, que é a física teórica”, afirmou na revista Science Digest em 1984. “Ela me ajudou de certa forma, me afastando de palestras e todo o trabalho administrativo que eu deveria ter feito de outra forma”.

Nos últimos anos, ele continuou seu trabalho de divulgação da pesquisa científica, sendo ativo nas redes sociais. Seguido por quase 30 mil pessoas no Twitter, estava especialmente presente no Facebook, onde 4,1 milhões de pessoas se inscreveram para receber suas publicações.

– ‘Continuando a falar’ –

Stephen Hawking havia explicado que era graças ao apoio de sua família que conseguia manter esse ritmo de atividade.


“Eu consegui graças a ajuda considerável que recebi de minha esposa, de meus filhos, de meus colegas e estudantes”, havia ressaltado.

Após sua morte, algumas de suas palavras ressoam como um testamento.

“Durante milhões de anos, o homem viveu como um animal. Depois alguma coisa aconteceu, que liberou o poder de nossa imaginação. Nós aprendemos a falar e a escutar. As maiores conquistas da Humanidade vieram através do diálogo, as maiores derrotas vieram pela falta de comunicação. (…) Com a tecnologia que nós dispomos, as possibilidades são ilimitadas. Tudo o que nós devemos fazer é assegurar que continuaremos a falar”, concluiu Stephen Hawking.


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