SÃO PAULO, 7 DEZ (ANSA) – O grupo automotivo Stellantis, dono de marcas como Fiat, Chrysler, Jeep e Peugeot, anunciou nesta terça-feira (7) que pretende chegar em 2030 com cerca 20 bilhões por ano de receitas adicionais geradas por veículos habilitados para software.   

A projeção foi apresentada durante o “Software Day”, evento criado para mostrar as iniciativas da empresa para se posicionar como uma companhia de tecnologias para mobilidade.   

Segundo a Stellantis, estão previstos mais de 30 bilhões de euros em investimentos até 2025 em softwares e eletrificação, com a meta de chegar no fim da década com uma frota de 34 milhões de carros conectados monetizáveis – hoje são 12 milhões.   

Com isso, o grupo automotivo pretende gerar 4 bilhões de euros em receitas adicionais por ano até 2026 com produtos habilitados para software e 20 bilhões de euros até 2030.   

“Nossas estratégias de eletrificação e software apoiarão a mudança para nos tornarmos uma empresa líder de tecnologia de mobilidade sustentável, alavancando o crescimento do negócio associado com recursos e serviços transmitidos a distância e entregando a melhor experiência aos nossos clientes”, disse Carlos Tavares, CEO da Stellantis.   

Os investimentos incluem o desenvolvimento de três plataformas de tecnologia alimentadas por inteligência artificial e que serão implantadas em larga escala a partir de 2024: STLA Brain, STLA SmartCockpit e STLA AutoDrive.   

A primeira é uma arquitetura orientada a serviços totalmente integrada na nuvem e que quebra o vínculo atual entre as gerações de hardware e software, permitindo que os desenvolvedores criem e atualizem recursos rapidamente, sem esperar pelo lançamento de um novo equipamento.   

De acordo com a Stellantis, a tecnologia “over-the-air” (OTA), que permite a atualização de softwares e dispositivos remotamente, reduz drasticamente os custos para clientes e empresa, simplifica a manutenção e sustenta os valores de revenda do veículo.   

Já o STLA SmartCockpit, construído a partir do STLA Brain, busca integrar-se à vida digital dos ocupantes do veículo para criar um espaço personalizável dentro do automóvel.   

A plataforma foi desenvolvida por meio de uma joint venture com a gigante de tecnologia Foxconn e oferece aplicativos baseados em inteligência artificial, como navegação, assistência de voz, comércio eletrônico e serviços de pagamento.   

O memorando de entendimento com a Foxconn também prevê colaboração para projetar e vender novos semicondutores para o setor automotivo, que sofreu em 2021 com a escassez desse tipo de componente.   

“Com a Foxconn, poderemos cobrir até mais de 80% das nossas necessidades de semicondutores, estimamos até 90%”, declarou Ned Curic, diretor de tecnologia da Stellantis.   

Por fim, o STLA AutoDrive, desenvolvido em parceria com a BMW, oferecerá recursos de direção autônoma e será continuamente atualizado por meio de OTA.   

Para apoiar essa transformação, a Stellantis está criando uma academia de software e dados para treinar mais de mil engenheiros internos em várias funções e promete contratar talentos de inteligência artificial da indústria de tecnologia.   

Até 2024, a meta do grupo é contar com 4,5 mil engenheiros de software voltados para eficiência, criando centros de talentos em todo o mundo.   

Além desses investimentos, a Stellantis pretende lançar em 2022 um programa de seguros baseado na utilização. Dessa forma, a maneira como o motorista dirige pode baratear o custo da apólice, dependendo de seus hábitos de segurança.   

O produto será lançado na Europa e na América do Norte, mas com objetivo de expansão global. (ANSA).