Stellantis acelera eletrificação para manter liderança no Brasil

SÃO PAULO, 3 NOV (ANSA) – Por Lucas Rizzi – O grupo automotivo Stellantis, dono de fabricantes como Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën, Ram e a recém-chegada Leapmotor, promete acelerar a estratégia de eletrificação de seu portfólio no Brasil em 2026 e estima que até o fim da década os carros híbridos e elétricos já serão maioria em relação aos veículos a combustão.   

A avaliação é do presidente da empresa na América do Sul, Herlander Zola, que assumiu o cargo recentemente, no lugar de Emanuele Cappellano, escolhido pelo CEO global Antonio Filosa para comandar a Stellantis na Europa.   

“Temos planos quase imediatos de começar a introduzir a eletrificação com intensidade muito maior em todo o nosso portfólio”, disse Zola durante uma coletiva de imprensa em São Paulo. “O veículo híbrido emite menos CO2, e esse é um dos nossos valores: buscar evoluir no que diz respeito a neutralizar emissões. Nós precisamos avançar rápido nessa direção e vamos fazer isso”, acrescentou.   

Atualmente, veículos com algum grau de eletrificação correspondem a uma fatia minoritária das vendas da Stellantis no Brasil, mas o executivo acredita que esse cenário vai mudar rapidamente ao longo dos próximos anos no mercado como um todo.   

“Tenho convicção de que muito em breve, dentro de um cenário de cinco anos, com toda a certeza os híbridos ou eletrificados devem superar os carros a combustão em termos de volume no Brasil. Em um ciclo de cinco anos, é muito provável que a gente já tenha mais veículos eletrificados sendo vendidos do que carros a combustão”, disse.   

Parte crucial dessa estratégia de descarbonização é a chegada da fabricante chinesa Leapmotor, que entrou para o guarda-chuva da Stellantis em 2023 e promete chacoalhar a indústria automotiva brasileira com automóveis ultra-híbridos, ou seja, movidos por uma bateria que pode ser recarregada por um pequeno motor a combustão, o que garante mais autonomia ao veículo.   

Inicialmente, a Leapmotor venderá apenas os SUVs importados B10 e C10, porém Zola não escondeu o desejo de trazer a produção para o Brasil no futuro.   

“Não é uma decisão tomada, mas é algo que claramente vem sendo estudado por nós com bastante intensidade, e realmente espero avançar nessa direção o mais rápido possível, porque sabemos o quanto isso é importante para garantir nossa competitividade no futuro”, explicou o presidente.   

A estreia da Leap no Brasil integra o ambicioso plano de investimentos de R$ 32 bilhões da Stellantis na América do Sul até 2030, com o objetivo de manter e melhorar os números que serviram de trampolim para os últimos dois presidentes na região, Filosa e Cappellano, assumirem posições globais na empresa.   

O grupo é líder de mercado na América do Sul com 23% de participação, assim como no Brasil (29,5%), na Argentina (31%) e no Uruguai (22,8%). Por outro lado, as marcas chinesas já alcançam uma fatia de 8,9% no território brasileiro, com destaque para GWM, BYD e Chery, demonstrando que o apetite do consumidor por carros elétricos e híbridos é maior do que a indústria imaginava inicialmente.   

“O comportamento do consumidor está mudando em uma velocidade maior, e isso está fazendo com que todos nós tenhamos de buscar soluções para entregar o que eles querem. Do nosso lado, tenho segurança que a chegada da Leapmotor já é uma resposta a isso”, declarou Zola.   

Para 2026, a Stellantis também promete impulsionar todas as marcas na América do Sul, incluindo um “modelo completamente novo” da Fiat que “vai fazer muito barulho”, justamente no ano em que a montadora italiana completará meio século de operação no Brasil. “Estou muito confiante de que, em um mercado superdesafiador e competitivo, vamos continuar avançando”, salientou. (ANSA).