De olho na reabertura de empresas e escolas, uma startup incubada no Centro de Inovação do Hospital das Clínicas, o Inova HC, desenvolveu uma plataforma que permite mapear casos do novo coronavírus e evitar surtos, a partir do cruzamento do resultado de testes e monitoramento de sintomas utilizando inteligência artificial. O modelo, que também pode ser implementado em linhas aéreas e centros médicos, deve ter custo de US$ 1 por ano por pessoa e começará a operar com dados reais no próximo mês.

CEO da empresa Blok BioScience na América Latina, Pablo Lobo explica que o projeto começou a ser pensado quando a China registrava 6 mil casos da doença – antes de ela se espalhar para outros países -, por um grupo que já trabalha há dois anos com soluções para problemas globais.

“A parte mais importante é a testagem”, diz ele, “porque precisamos identificar quem tem sintomas e quem tem imunidade ou suposta imunidade”.

Ele ressalta que “não é um sistema de proibição ou segregação, mas de segurança”. “Se a pessoa não é imune, tem informação.” Ou seja, sintomáticos devem fazer o teste de RT-PCR, considerado padrão-ouro. Quem não tem sintomas deve ser submetido a testes sorológicos.

Além de fazer os exames, as pessoas terão acesso a um aplicativo, o Immunity Passport, que pode ser alimentado com dados sobre sintomas, como febre e tosse. “Ele começa a se comunicar, estimulando a pessoa a contar como se sente, reportar sintomas, medir a temperatura.” E as notificações, ressalta, “são mais invasivas para pessoas assintomáticas”.

Caso apareça um caso confirmado ou suspeito, o sistema envia alertas de risco para os gestores com orientações, relatórios de dados e pontos de infecção por geolocalização.

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Para a pessoa, são enviadas orientações personalizadas. A plataforma também tem capacidade de se integrar a aplicativos de rastreamento de contatos.

A carteira de imunidade digital e o sistema de gestão dos dados, explica Lobo, promovem o autocuidado dos funcionários e estudantes “ao oferecer um sistema automatizado, compreensivo e personalizado de registro de sintomas, resultados de testes e integração com aplicativos que mapeiam possíveis contatos com pessoas infectadas”. A proposta não é criar ilhas em que as pessoas saibam que os demais colegas foram testados.

O importante, argumenta, é ter uma base de dados global. Isso vai nortear volta às aulas, trânsito local. Serão feitos testes em escolas, centros médicos, aeroportos, portos e fábricas. O custo por pessoa, sem contar os testes, deve ser de US$ 1 por ano.

Plataformas

Durante a pandemia, o Inova HC trabalhou no desenvolvimento de plataformas que ajudassem na luta contra a covid, tendo o HC como centro do combate. “Criamos uma plataforma de inteligência artificial onde, em poucos minutos, recebíamos tomografia de tórax do Brasil inteiro. Mais de 50 hospitais aderiram à plataforma”, adianta Lobo.

Por meio do algoritmo, ela fazia um relatório dizendo se o paciente era um caso de coronavírus ou não e qual a extensão da doença. “Ajudamos radiologistas e médicos de todo o País a fazer diagnósticos mais precisos”, conta Giovanni Guido Cerri, presidente do Inova HC.

A limpeza hospitalar por robôs foi introduzida no hospital e o centro está desenvolvendo um laboratório de robótica.

Eles trabalham com monitoramento à distância, principalmente com pacientes de UTI, de modo que possam ser controlados com segurança, evitando que os profissionais de saúde se contaminem.

Cerri diz, ainda, que se aumentou a atividade de telessaúde, “que vai continuar sendo ampliada para acompanhar os pacientes após o fim da pandemia”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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