O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, prometeu nesta quarta-feira (12) “defender sempre uma BBC forte e independente”, sem se pronunciar sobre as ameaças de processo por difamação de Donald Trump contra o grupo audiovisual, a dois dias do ultimato imposto pelo presidente americano.
O líder trabalhista considerou, no entanto, que o grupo audiovisual público deve “colocar ordem em seus assuntos”, “respeitar os mais altos padrões (de qualidade)” e “corrigir rapidamente os erros”.
Donald Trump ameaça exigir um bilhão de dólares (quase 5,4 bilhões de reais) da BBC por ter distorcido suas declarações em um documentário, transmitido em outubro de 2024, pouco antes das eleições presidenciais americanas.
Em uma carta ao grupo audiovisual britânico, os advogados de Trump deram prazo até sexta-feira às 22h GMT (19h de Brasília) para que se retratem e retirem o documentário.
Starmer foi questionado nesta quarta-feira no Parlamento por um deputado que lhe perguntou se tinha intenção de pedir a Trump que desistisse de seu processo por difamação.
O primeiro-ministro britânico evitou responder a essa pergunta, embora tenha mostrado sua intenção de “defender sempre uma BBC forte e independente”.
“Na era da desinformação, o argumento a favor de um serviço informativo britânico imparcial é mais forte do que nunca”, destacou, em sua primeira declaração pública sobre o assunto.
O diretor-geral do grupo audiovisual britânico, Tim Davie, e a responsável pelo canal de notícias BBC News, Deborah Turness, apresentaram sua demissão no domingo após a emissora ser questionada pela edição do discurso do presidente americano de 6 de janeiro de 2021, dia do ataque ao Capitólio em Washington.
Na montagem do discurso de Trump, o presidente americano parecia incitar seus apoiadores a marcharem em direção ao Congresso para “lutarem como demônios”.
No entanto, na frase original, Trump dizia: “Vamos caminhar em direção ao Capitólio e vamos encorajar nossos valentes senadores e representantes no Congresso”.
A expressão “lutarem como demônios” correspondia a outro trecho do discurso.
Na noite de terça-feira, Donald Trump afirmou que tinha a “obrigação” de processar a BBC, “porque não se pode permitir que as pessoas façam isso”.
“A televisão modificou meu discurso de 6 de janeiro de 2021, que foi um discurso lindo, muito calmo, e o fez parecer radical. Realmente o mudaram. O que fizeram é inacreditável”, insistiu o presidente americano na emissora Fox News.
Segundo uma pesquisa do instituto YouGov realizada entre mais de 5.000 adultos e publicada na terça-feira, 57% dos britânicos consideram que a BBC deveria pedir desculpas ao presidente americano.
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