ROMA, 28 MAI (ANSA) – Encarregado de formar um novo governo na Itália, o economista Carlo Cottarelli deve apresentar uma equipe enxuta, de 10 ou 12 ministros (hoje são 18), todos eles “neutros” – eufemismo para “técnicos” – e se comprometendo a não disputar as próximas eleições.   

O premier encarregado deve completar sua lista já nesta terça-feira (29) e se apresentar ao presidente Sergio Mattarella para “dissolver” a reserva com a qual aceitou o encargo. Em seguida, após a passagem de poder com o atual primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni, poderia ir imediatamente ao Parlamento para pedir o voto de confiança.   

Cottarelli pedirá apoio a um governo que guie o país às urnas em 2019, tempo suficiente para a Câmara e o Senado aprovarem o Orçamento para o próximo ano. No entanto, apenas o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, indicou que apoiará o economista.   

Se o previsto acontecer e Cottarelli não conseguir o voto de confiança, ele deve levar sua carta de renúncia à Presidência da República e ficaria no cargo como “demissionário”, apenas para lidar com assuntos correntes, até as eleições, que ocorreriam “depois de agosto”.   

Para enfrentar essas passagens, o premier encarregado já delineou um esquema para sua equipe. As prioridades de sua agenda são a “gestão prudente” das contas públicas e a necessidade de tranquilizar os mercados – tanto que ele mesmo poderia assumir o Ministério de Economia, pasta que travou o governo de coalizão entre Liga e Movimento 5 Estrelas.   

Os nomes cotados para seu gabinete não incluem políticos, apenas figuras com larga experiência em suas áreas e de perfil institucional, como Elisabetta Belloni (Relações Exteriores), primeira mulher secretária-geral da Farnesina, e Raffaele Cantone (Infraestrutura), presidente da Autoridade Nacional Anticorrupção.   

Apelidado na Itália de “Senhor Tesouras” devido a seu papel como revisor dos gastos públicos no governo de Enrico Letta (2013-2014), Cottarelli encarna o espírito de garantia aos mercados e à União Europeia defendido por Mattarella.   

Naturalmente, para isso precisará do voto de confiança do Parlamento, algo improvável no momento.   

Por outro lado, um dos objetivos do presidente é ganhar tempo para evitar eleições em agosto, principal mês de férias na Itália. Se ele dissolvesse o Parlamento na semana que vem, o pleito precisaria ser realizado até 70 dias depois, em pleno feriado de Ferragosto, o que poderia reduzir drasticamente a participação popular. (ANSA)