O trágico dia 22 de fevereiro, que terminou com jogadores do Fortaleza machucados após covarde ataque de pedras e bombas ao ônibus da delegação em jogo pela Copa do Nordeste, contra o Sport, no Recife, está longe de terminar. Nesta terça-feira, a Segunda Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) puniu o clube pernambucano com oito partidas com os portões fechados, sem torcida visitante no período e multa de R$ 80 mil. Os cearenses acharam a punição branda, enquanto os rubro-negros prometem entrar com recurso após decisão “descabida e injusta.”

“O Sport Club do Recife se posiciona contrário a punição imposta pela Segunda Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), na manhã desta terça-feira (12). A vice-presidência jurídica do Rubro-negro vai recorrer dessa decisão descabida e injusta”, anunciou o Sport em nota oficial.

“Não se pode novamente tratar de um tema tão complexo, que hoje é uma chaga nacional, de maneira tão rasa. Não é possível ir pelo caminho de decisões comprovadamente ineficazes só para criar uma falsa sensação de justiça que nada reflete na realidade e que em nada resulta na redução da violência. É só mais uma cortina de fumaça”, acusou os pernambucanos.

Na visão do clube rubro-negro, impedir que a torcida acompanhe os jogos do clube ao invés de tentar encontrar e punir os envolvidos, “atinge milhões de torcedores inocentes e instituições com centenas de trabalhadores, profissionais e prestadores de serviço, deixando justamente o caminho livre para os verdadeiros criminosos cometerem atos de covardia e violência.”

O Sport se colocou à disposição da justiça para tentar encontrar os responsáveis pelo apedrejamento do ônibus do Fortaleza, definindo os envolvidos de “criminosos”. “Continuam soltos por aí, sem nenhuma responsabilidade dos atos e seguem aterrorizando a todos que vivem o futebol brasileiro, independente de time, cidade ou Estado. O Sport não pode ser responsabilizado por isso!”, cobrou o clube.

“Punir uma instituição que não tem nenhuma relação com a torcida organizada, que cumpriu com todas as orientações de segurança e que não tem nenhum poder de Estado para coibir bandidos pela cidade não é fazer justiça”, reclamou o Sport. “É querer mostrar serviço sem atentar para o verdadeiro problema. A punição, além de não resolver, acoberta e tira o foco e a pressão de se investigar os culpados e as organizações criminosas por trás dos atos.”

Na visão dos dirigentes rubro-negros, não punir os responsáveis e sim um determinado clube, “é um caminho desleixado para um problema tão sério.” Na voz do presidente Yuri Romão, o Sport afirmou que se trata de um problema social e não desportivo. O dirigente reclamou da segurança pública e foi enfático ao dizer que nenhum clube resolverá tais problemas sozinho. “Só com comprometimento total do poder público, responsabilidade, rigidez e cooperação dos serviços de inteligência é que vamos avançar.”