A Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Fazenda, divulgou nesta terça-feira, 12, um relatório que mapeou cadeias de valor de proteínas animais e combustíveis. O estudo identificou gargalos e traçou estratégias para ampliar a resposta a choques adversos nas cadeias, que pressionam a inflação e tiveram impactos sobre a segurança alimentar e energética.

A conclusão é de que essas cadeias estão cada vez mais entrelaçadas e exigem soluções conjuntas.

Esse diagnóstico será ponto de partida para outros estudos técnicos, que subsidiarão políticas públicas e estratégicas empresariais em prol da resiliência dessas cadeias de valor.

A SPE destaca que há intenção de levantar as empresas em cada etapa de cada cadeia, os caminhos para o upgrading nas cadeias de valor e o desenvolvimento de modelos de governança para aprimorar a presença brasileira nos mercados globais.

“De todo modo, à luz da visão de desenvolvimento sustentável do País para o presente e o futuro, conclui-se que a resiliência nas cadeias de alimentos e combustíveis está cada vez mais entrelaçada e demandará ações conjuntas entre os diversos agentes envolvidos”, diz o documento.

Mapeamento das cadeias

O diagnóstico é fruto do Grupo de Trabalho Interministerial (GT) sobre Resiliência em Cadeias de Valor. Pelo lado da segurança alimentar, o estudo focou nas cadeias de leite, ovo, carne bovina e as dos substitutos suínos e peixes de cultivo (piscicultura). Pelo lado da segurança energética, as cadeias avaliadas foram do diesel, querosene de aviação, e dos substitutos biocombustíveis (exceto etanol e hidrogênio de baixo carbono).

“Mesmo diante de um cenário marcado pelo número crescente de eventos disruptivos, em especial tendo em vista a pandemia, e das diversas iniciativas de combate à fragilidade das cadeias de valor no âmbito internacional, o Brasil não estabeleceu uma estratégia para resiliência nas cadeias de valor e mitigação dos significativos impactos de choques sobre os custos das empresas e seus efeitos inflacionários. Nesse sentido, o País segue suscetível à volatilidade dos choques externos, como ficou evidente com o início da Guerra da Ucrânia e a subsequente alta dos preços no mercado internacional de grãos e o risco de desabastecimento de fertilizantes, que impactaram na dinâmica das cadeias”, avalia a SPE.

No caso das cadeias de proteína animal, foram mapeadas as etapas de insumo, produção, agroindústria e distribuição. Para combustíveis, as etapas analisadas foram de extração e refino de petróleo, pesquisa e desenvolvimento, matéria-prima e insumos, além de distribuição e logística e consumo.

A SPE destacou que “ainda que muitos produtos tenham referência externa de preços, há desafios estruturais nas cadeias de produção nacionais que podem ser mitigados a fim de gerar maior solidez aos suprimentos em setores estratégicos”.

Entre os gargalos das cadeias de proteína animal, o estudo destaca que os parcos recursos para desenvolvimento tecnológico e de produção atrapalham a produtividade e sustentabilidade, porque fazem o País depender mais de insumos importados. “As inovações tecnológicas em prol da sustentabilidade, atentando para a biodiversidade, são particularmente importantes nas questões dos fertilizantes e bioinsumos, nas soluções que evitam desmatamento e queimadas, entre outros”, diz o texto.

Já para os combustíveis, a avaliação é de que investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação são cruciais para desenvolver processos de produção em ampla escala com custos reduzidos, incluindo motores movidos a novos combustíveis sustentáveis, que garantirão a demanda para o produto, que ainda esbarra no preço elevado.