São Paulo passou a registrar novos casos de intoxicação por metanol após a substância ser encontrada em bebidas alcóolicas adulteradas, segundo dados do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), de Campinas (SP).
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Nos últimos 20 dias, foi registrada uma morte e oito internações por conta de intoxicação por metanol após consumo de bebidas adulteradas, em casos registrados na capital paulista e também em Limeira (SP) e Bragança Paulista (SP).
O Ministério da Justiça emitiu uma nota sobre o tema, declarando que Ciatox recebeu, nos últimos dois anos, casos de intoxicação por metanol que eram sempre por conta de ingestão de combustíveis em contextos de abuso de substâncias, em casos de pessoas em situação de rua.
Todavia, os casos recentes se deram com ingestão de bebidas como gin, vodka e whisky em bares em estabelecimentos similares.
“São registros inéditos no referido centro toxicológico. É possível haver outros casos não notificados, uma vez que nem todos os casos de intoxicação chegam aos órgãos de vigilância e controle”, diz a nota da pasta.
Ministério fala em risco de surto
As intoxicações são graves e potencialmente fatais.
Segundo o Ministério da Justiça, o cenário de adulteração é ‘particularmente relevante do ponto de vista de saúde pública’. A pasta ainda alerta que ‘episódios dessa natureza frequentemente resultam em surtos epidêmicos com múltiplos casos graves e elevada taxa de letalidade’.
O orientação é seguir em estado de alerta com relação ao consumo de bebidas alcóolicas especialmente aos fins de semana, quando há maior frequência a bares e consumo de bebidas alcóolicas.
Entenda os sintomas
Ingerir metanol é extremamente arriscado e pode levar à morte. A substância é altamente tóxica para o consumo humano e, mesmo em pequenas quantidades, pode causar danos irreversíveis à saúde.
A principal razão para a sua toxicidade reside na forma como o corpo o metaboliza – no processo o corpo pode sofrer uma acidose metabólica, que é o envenenamento do sangue, o que ataca diretamente o nervo óptico, podendo então causar cegueira permanente.
O perigo se torna ainda maior com o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas.
Por ser mais barato que o etanol (o álcool presente em bebidas como cerveja, vinho e destilados), o metanol é por vezes adicionado ilegalmente a essas bebidas para aumentar o seu volume e teor alcoólico aparente, enganando o consumidor e colocando sua vida em sério risco.
Uma pessoa que consome uma bebida adulterada com metanol pode não perceber imediatamente o perigo, pois os sintomas iniciais podem ser semelhantes aos de uma embriaguez por etanol.
No entanto, após um período de latência, que pode variar de algumas horas a até três dias, os sinais de envenenamento começam a se manifestar de forma mais severa
Sintomas podem incluir:
- Dor de cabeça intensa
- Tontura e vertigens
- Náuseas e vômitos
- Dor abdominal forte
- Sensação de embriaguez e falta de coordenação motora
- Fraqueza e cansaço excessivo
Com a progressão da intoxicação, os sintomas tornam-se mais graves e alarmantes, incluindo visão turva ou embaçada, que é um dos sinais mais característicos da intoxicação por metanol, podendo evoluir para a perda total e irreversível da visão.
O que é metanol
O metanol, também conhecido como álcool metílico ou álcool da madeira, é o mais simples dos álcoois. É um composto químico líquido, incolor, inflamável e com um odor levemente adocicado, muito semelhante ao do etanol (o álcool presente nas bebidas alcoólicas).
Essa semelhança no cheiro e na aparência é um dos fatores que o torna tão perigoso, pois pode ser facilmente confundido.
No século XIX e início do XX ele era chamado de ‘álcool da madeira’, porque era obtido queimando ou destilando madeira. Também era usado como combustível para lâmpadas e fogareiros e servia como solvente em tintas e produtos de limpeza.
Atualmente o metanol é usado na indústria química, como matéria-prima para produzir plásticos, resinas, colas e fibras sintéticas, além de como combustível para carros de corrida, em alguns países como aditivo de gasolina, e na produção de biodiesel. A substância também pode estar em limpadores de vidro, fluidos de radiador e anticongelantes.