Cidade em que irmão de Bolsonaro é chefe de gabinete recebe verbas do orçamento secreto

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Renato Bolsonaro Foto: Reprodução/ Facebook

A Prefeitura de Miracatu (SP), localizada no Vale do Ribeira, é comandada pelo prefeito Vinícius Brandão (PL) e tem como chefe de gabinete Renato Bolsonaro, irmão do presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o Portal da Transparência, a cidade recebeu, entre os dias 17 e 30 de dezembro, R$ 35 milhões em verbas da União. Desse valor, pelo menos R$ 10 milhões são de emendas de relator, conhecidas como orçamento secreto. As informações são do O Globo.

O portal identificou que parte do dinheiro foi destinado pelos ministérios do Desenvolvimento Regional, Agricultura, Cidadania e Turismo. A quantia será utilizada na compra de tratores, manutenção de estradas vicinais (que fazem a conexão da área rural com a urbana), melhorias na drenagem das ruas e obras no centro de eventos da cidade.

Ainda de acordo com as apurações do O Globo, o desempenho de Renato Bolsonaro foi fundamental para que as verbas fossem liberadas. Por exemplo, ele tratou diretamente com o ministro da Cidadania, João Roma, o recurso reservado para Miracatu.

Reclamação

O prefeito de Peruíbe, Luiz Maurício (PSDB), reclamou do dinheiro destinado para a cidade vizinha.

“Temos os recursos federais, mas são aqueles de repasses obrigatórios. Eu gostaria muito de ter um recurso desses chegando para o município. Apanhei muito dos militantes de Bolsonaro quando ele veio aqui na minha cidade comer pastel. Eu queria mostrar para ele os problemas do município, cobrar recursos, mas ele comeu pastel e foi embora.”

Ao serem questionados, o prefeito de Miracatu, Vinícius Brandão (PL), e Renato Bolsonaro não se pronunciaram.

O Ministério do Turismo comunicou que a verba destinada tem relação com os “recursos de programação” que servem para a “melhoria da infraestrutura turística”. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), ligado ao Ministério da Agricultura, disse que os procedimentos adotados “seguiram todos os normativos técnicos e legais, e de forma transparente”. Já os ministérios da Cidadania e do Desenvolvimento Regional não se manifestaram.