A Polícia Civil, junto da polícia científica, continua apurando a morte de Rafaella Lozzardo Silva, de 6 anos, que caiu do 12° de um prédio no último sábado (11), em Praia Grande (SP). Enquanto o laudo de autópsia não foi divulgado, o G1 conversou com um perito forense para obter mais detalhes a respeito do caso.

O pai da menina, um comerciante de 39 anos, foi liberado após a audiência de custódia por abandono de incapaz com resultado morte.

De acordo com a Polícia Civil, a menina estava sozinha no apartamento no momento da queda. A Polícia Militar foi acionada pelo porteiro de um prédio vizinho, que relatou ter ouvido pedidos de socorro e um forte estrondo.

O perito Eduardo Llanos calculou o peso da menina e a altura do 12° até o teto da garagem, onde ela caiu. Com esses dados, ele concluiu que a queda livre foi de 2,47 segundos, a 90 km/h e um impacto de 668 quilos.

“(É preciso) determinar se o local apresentava a segurança necessária para uma criança de 6 anos permanecer sem a presença de um adulto. Se verifica a força e dificuldade necessária aplicada nas (eventuais) fechaduras das portas de acesso ao corredor, janelas e sacada”, disse o perito.

Ele frisou que também é necessário verificar se haviam objetos que facilitaram a chegada da criança até a varanda. “Normalmente os moradores colocam nas sacadas objetos como sofás, cadeiras ou vasos de plantas que facilitam a driblar o parapeito permitindo a queda.”

De acordo com o perito, é preciso determinar a dinâmica do acidente, até para comprovar que não houve participação de alguma pessoa.

Ferimentos

O perito forense Eduardo Llanos relatou que esse tipo de queda começa com força zero e a vítima cai em linha reta. Contudo, durante o trajeto, ela pode bater em outras superfícies. “Este tipo de vestígio será encontrado tanto no prédio quanto no corpo da vítima (marcas de atrito).”

“O Médico Legista deve identificar a quantidade e o tipo de lesões existentes no corpo da menor, as quais posteriormente precisam ser confrontadas com a dinâmica da queda, permitindo justificar cada uma delas”, acrescentou.

Caso não sejam identificadas marcas não relacionadas à queda, “será necessária uma investigação para determinar as responsabilidades ou motivos da sua produção (dos machucados)”, finalizou o perito.

Relembre o caso

Depois que Rafaella caiu do 12° andar, policiais foram até o local e encontraram o corpo da menina no segundo pavimento da garagem, ao lado de um celular e um chinelo. Após o zelador do prédio reconhecer a criança, os agentes foram até o apartamento da família, mas não havia ninguém no imóvel.

Ainda segundo a polícia, o zelador entrou em contato com o pai da vítima, que chegou ao prédio cerca de 10 minutos depois. Questionado pela polícia, o homem contou que saiu durante a madrugada para levar a namorada até a casa dela e comprar cigarros. A Polícia Civil investiga se o pai já a teria deixado sozinha em ocasiões anteriores.

Na audiência de custódia, que liberou o comerciante, o juiz Eduardo Hipólito Haddad impôs algumas medidas cautelares, como o comparecimento bimestral em juízo para informar suas atividades, a proibição de se mudar ou se ausentar da cidade sem prévia autorização judicial e pagamento de fiança de um salário mínimo (R$ 1.212).