No dia 18 de janeiro deste ano, Kawany da Silva deixou o seu filho Théo Lemos, de um ano e sete meses, na casa da babá para ir ao curso técnico de enfermagem. Cerca de cinco minutos depois, quando ainda estava na rua da residência da cuidadora, ela foi abordada e informada que o cachorro, uma mistura de labrador com pastor alemão, havia atacado a criança. O caso ocorreu em São Vicente, no litoral de São Paulo.

Imediatamente, a mãe retornou correndo para a residência da babá e encontrou o seu com a bochecha direita dilacerada. Além disso, a mordida do cachorro rasgou parte da orelha direita da criança e feriu a parte superior do olho.

Em entrevista à IstoÉ, Kawany afirmou que nesse momento, para a sua sorte, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) passou pelo local e prestou socorro. Os agentes levaram a criança para o Hospital Municipal de São Vicente, a babá acompanhou o atendimento médico prestado ao Théo.

Na unidade de saúde, o menino foi atendido pela pediatra de plantão, tomou a vacina anti-rábica, pois o cachorro ainda não tinha sido vacinado, e depois passou por uma avaliação de um médico bucomaxilo.

“Os médicos queriam apenas suturar, mas eu disse que era necessária uma cirurgia”, afirmou Kawany. Os profissionais concordaram, mas, como no Hospital Municipal de São Vicente não havia um médico especializado para isso nem os recursos necessários, indicaram que a criança fosse levada para a Santa Casa de Santos.

“Eu concordei e achei que nós seríamos levados de ambulância, mas os médicos disseram que teríamos de ir por meios próprios, pois a ambulância não podia levar. Ainda tive de assinar um termo como se estivesse fugindo do hospital, evadindo dali. Como estava desesperada com a situação do meu filho, acabei assinando”, acrescentou.

Procurada pela IstoÉ, a Prefeitura de São Vicente informou por meio de nota que a criança deu entrada no hospital acompanhada da mãe, foi acolhida e atendida. Porém, devido à complexidade do caso, precisou ser avaliada por um bucomaxilo.

O órgão ainda afirmou que, após o exame com especialista, a mãe recusou prosseguir com o atendimento, assinou o relatório médico oficializando a sua e informou que iria para a Santa Casa de Santos. “Como a responsável não quis dar sequência ao atendimento, não foi solicitada vaga para a criança na Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (Cross). A Secretaria da Saúde (Sesau) esclarece que está instaurando sindicância para apurar os fatos”, completou.

Procedimento cirúrgico

Na Santa Casa, Théo passou por uma cirurgia reparadora e uma cirurgia plástica. De acordo com Kawany, foi oferecido para o menino ficar na enfermaria por cerca de R$ 5.600 ou apartamento, cujo custo seria por volta de R$ 7 mil ou R$ 8 mil. Ela acabou escolhendo pela opção mais acessível.

O pequeno Théo ainda continua internado e o seu estado de saúde é estável. “Como escorre secreção da cirurgia, ele permanece em observação. Ainda está tomando o ciclo de vacinação anti-rábica e recebendo dois tipos de antibióticos por meio de aplicação intravenosa. A alta pode levar de sete a 14 dias”, informou Kawany.

Por conta disso, as despesas hospitalares podem ficar mais caras. Com a ajuda de amigos e familiares, Kawany já conseguiu pagar R$ 6 mil, mas ainda faltam R$ 7 mil para serem quitados. Então ela decidiu realizar uma campanha de arrecadação por meio do seu Instagram e fazer algumas rifas para custear o valor.

“Precisamos pagar a diária da Santa Casa, que é em média R$ 900, e todos os materiais usados. Queremos que ele conclua o tratamento aqui, já que a gente não teve um suporte de qualidade no Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirmou Kawany.

Boletim de ocorrência

Sobre boletim de ocorrência contra a babá de Théo, a mãe informou que não fez, pois acredita que a cuidadora não teve culpa e foi uma fatalidade. Ela ressaltou que o menino era bem tratado e o carinho da profissional com ele era nítido.

“Algumas pessoas dizem que a babá deveria arcar com tudo, mas, se eu não tenho condições, ela também não tem. Ela queria vender todas as coisas de dentro da casa dela para ajudar, mas não achei isso certo e não a culpo pelo o que aconteceu”, disse.

Contudo Kawany ressaltou que avalia se vai entrar com um processo contra o Hospital Municipal de São Vicente.