O médico Oliveiro Pereira da Silva Alexandre, que se apresenta como “Dr. Oliveira”, está sendo investigado após revelar em um vídeo divulgado nas redes sociais que tomou “por conta própria” duas doses de vacinas diferentes contra a Covid-19, em Assis, no interior de São Paulo. As informações são do G1.

Na gravação, o médico admitiu que tomou primeiramente uma dose da Coronavac e, segundo ele, menos de uma semana, outra dose da vacina de Oxford/AstraZeneca. O vídeo foi apagado na terça-feira (16). O procedimento é contrário aos protocolos de vacinação estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

De acordo com a prefeitura de Assis (SP), o médico tomou as doses de laboratórios distintos em um intervalo de quatro dias. No dia 29 de janeiro, ele tomou a primeira dose da Coronavac no Hospital Regional, na condição de servidor público que trabalha na linha de frente de combate à pandemia.

Já no dia 2 de fevereiro, o médico conseguiu receber uma dose da AstraZeneca, como beneficiário de um convênio da cooperativa médica da qual ele é integrante. Conforme o médico, a intenção dele foi avaliar informações da imprensa internacional de que a combinação de vacinas de laboratório diferentes poderia ser mais eficiente como prevenção às novas variantes do vírus.

Repúdio e investigação

Segundo o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchtey, o Ministério Público deve investigar o caso. “Todas as irregularidades estão sendo acompanhadas de perto pelo MP para avaliar as condutas de quem deu a dose, quem recebeu, e por que isso aconteceu fora do que é preconizado pelo PNI [Plano Nacional de Imunização]. Cada dose de vacina é patrimônio público e o seu uso incorreto deve ser apurado”, disse Gorinchtey.

A secretária municipal da Saúde de Assis, Cristiani Silvério, afirmou que o caso já foi notificado para o Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) do estado e ao Departamento Jurídico da prefeitura para que todos os procedimentos legais sejam tomados.

Conforme a secretária, é possível que o sistema Vacivida, que faz o controle da vacinação no estado, possa ter sofrido alguma instabilidade pelo grande fluxo de informações e, por isso, não conseguiu evitar a duplicidade na vacinação.

“A atitude do médico nos causa indignação, pois ele usou de uma falha no sistema para receber a primeira dose de duas vacinas diferentes, o que não é recomendado nem pela Organização Mundial de Saúde e nem pelo Plano Nacional de Imunização. Um médico que recebe duas doses representa uma dose a menos para um cidadão. O Estado e a Prefeitura devem acioná-lo pelo que fez”, disse Cristiani ao G1.

Em nota, a Unimed Assis informou que a cooperativa foi apenas um ponto de vacinação, por meio de uma parceria com a Secretaria de Saúde do município. “Não havia como saber se o Dr. Oliveira havia sido vacinado porque o nome dele estava na lista por ter manifestado o interesse em se vacinar, o que foi feito”, diz a nota enviada ao Uol. A Unimed informou ainda que “o setor jurídico da cooperativa foi acionado e as medidas cabíveis estão sendo estudadas internamente”.