O padre Júlio Lancellotti reclamou da tentativa da Guarda Civil Municipal de impedir a doação de marmitas para pessoas em situação de rua na praça Princesa Isabel, em São Paulo (SP), na segunda-feira (4). O local se tornou há cerca de duas semanas a nova região da Cracolândia, na capital paulista. As informações são do Uol.

De acordo com a Prefeitura de São Paulo, uma ação de “zeladoria urbana” e limpeza foi feita na área. Os moradores teriam sido orientados a “retirarem seus pertences e desmontarem as barracas durante o horário da limpeza”.

Lancellotti, que há anos atua com a ajuda de voluntários na distribuição de alimentos à população carente, considerou a ação como “higienista”. De acordo com ele, os guardas municipais afirmaram que a distribuição de alimentos não poderia ser feita no local por conta da chegada de um caminhão para retirada de entulhos.

“Falaram que era para ir para outro lugar. Falei que não, que não estávamos incomodando ninguém, que não estávamos tirando o espaço de ninguém”, afirmou o padre ao Uol. Segundo o páraco, algumas pessoas deixaram de pegar as quentinhas com medo de perder colchões ou barracas.

“Eles querem impedir a distribuição, como querem impedir que fotografem, que filmem, que documentem o que estão fazendo. Querem causar um tormento na vida daquelas pessoas, que já estão atormentadas. Eles estão arrancando tudo. Estão falando que tiraram trinta toneladas de lixo, mas deixam o lixo acumular propositalmente. Eles tratam o lixo e as pessoas da mesma maneira”, desabafou Lancellotti.

Conforme o padre, a ação da prefeitura espalhou os usuários concentrados na área para outros pontos do Centro e não teria sido feita com diálogo. Ainda assim, 400 marmitas foram distribuídas.

Em nota ao Uol, a Prefeitura de São Paulo informou que os profissionais de segurança “seguem as diretrizes das políticas públicas de segurança municipal, baseada em protocolos de policiamento preventivo e comunitário”.

“A ação dos agentes é acolhedora e humanizada, visando a proteção dos servidores e a continuidade dos serviços públicos”, diz a nota.