Fabio Zavatini, de 24 anos, resolveu fazer transmissões de jogos online para manter contato com os amigos. No entanto, algumas pessoas usam o espaço para praticarem cyberbullying (termo em inglês para bullying na internet). Isso ocorre pelo fato do jovem ter perdido parte do maxilar por causa do rabdomiossarcoma, um tumor maligno que surge nas células responsáveis pelo desenvolvimento dos músculos. As informações são do G1.

O jovem, que reside em Votorantim (SP), contou que sofre com problemas de autoestima por causa da sua aparência. Para ele, a internet foi uma forma de conhecer novas pessoas.

“Pensei em começar a fazer streams, lá em 2020, quando saí da faculdade de arquitetura e urbanismo. Fiz muitos amigos. Foi ótimo.”

Porém também houve diversos ataques. “O tanto de gente que aparece na stream apenas para zombar. É bastante mesmo. Já me chamaram de várias coisas e muitas vezes já pensei em desistir. Acho que isso faz eles se sentirem superiores, não sei. Não consigo entender, mas continuo firme.”

Diagnóstico aos seis anos

Fabio foi diagnosticado com o câncer aos seis anos. “Passei por tratamentos como quimioterapia e radioterapia até que os médicos decidiram retirar mais da metade da minha mandíbula para que assim fosse retirado o tumor. Mesmo depois da cirurgia, continuei com os tratamentos até ser considerado curado meses depois.”

Com a mudança na sua aparência, os pais do jovem resolveram procurar pela reconstrução facial.

“Depois de uma preparação pré-operatória, fiz minha primeira cirurgia de reconstrução, que consistia em retirar parte da fíbula da perna no lado esquerdo e usar como mandíbula. Infelizmente, tive uma infecção e acabei perdendo a cirurgia.”

Um ano depois, Fabio passou por outro procedimento cirúrgico. Porém a reconstrução não foi total e ainda causou problemas para o jovem se alimentar e falar.

“Não sinto dores, mas levo muito tempo para comer. Me engasgo diversas vezes. Quando eu trabalhava presencialmente, tinha só uma hora de almoço, mas não conseguia comer nesse tempo. Fazia um sanduíche para ter tempo de comer tudo”, relembrou.

Mesmo assim, Fabio não perdeu a esperança e encontrou um médico cirurgião especializado no seu caso. Ele afirmou que é possível fazer a reconstrução facial utilizando próteses personalizadas.

“O médico pediu um exame e viu que não possuo articulação na mandíbula do lado esquerdo do rosto. Outro problema é que meu maxilar está inclinado. Por ter passado minha fase de crescimento sem uma mandíbula, ele não se desenvolveu da forma que deveria. Então também seria necessário, além da prótese personalizada, ajustar o maxilar”, disse o jovem.

O cirurgião se sensibilizou com a sua história e informou que não iria cobrar pelo procedimento e tentaria a doação da prótese. No entanto, é necessária outra equipe médica para auxiliar na cirurgia e isso custaria R$ 100 mil.

“Se fosse para pagarmos tudo isso, hospital, medicamentos e o custo do novo doutor iria ficar mais de R$ 300 mil, e não temos condições.”

Por isso, Fabio criou uma vaquinha online para arrecadar a quantia necessária. A campanha conseguiu R$ 37 mil até o momento.