Pedro Henrique de Freitas Valle Nascimento, de 20 anos, morreu no sábado (23) no Hospital de Vila Alpina, onde ficou internado após ter sido picado por um escorpião enquanto estava preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Vila Independência, na zona leste de São Paulo. As informações são do colunista Josmar Jozino, do UOL.

Por meio do WhatsApp, a família de Pedro Henrique implorou para a advogada Lais Naked Zaratin para cuidar do jovem no hospital. A mãe do rapaz, Alessandra Freitas Valle, afirmava que o estado de saúde dele era grave e estava intubado, já que havia perdido os dois rins.

Alessandra ainda pediu para que a advogada conseguisse uma prisão domiciliar, pois Pedro não teria condições de voltar ao CDP por causa da febre alta, fortes dores e sangramento interno.

Contudo, o jovem morreu no sábado após 10 dias internado. Lais informou que o CDP foi negligente com o detento. Porém a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) alegou que Pedro recebeu “diversas vezes” atendimento médico.

Mesmo assim, a advogada Lais Naked afirmou que o jovem ficou com os pés inchados no mês de junho. Por isso, contava com a sua de outros presos para ir ao banheiro e tomar banho, por exemplo.

Ainda segundo ela, Pedro foi levado para o hospital, mas recebeu alta em seguida. O CDP não teria fornecido os antibióticos prescritos.

Causa da morte

No 56° Distrito Policial (Vila Alpina) consta no boletim de ocorrência que a morte de Pedro foi causada por complicações de coagulação intravascular disseminada, síndrome respiratória aguda grave, insuficiência renal e lúpus eritematoso sistêmico.

Motivo da prisão

No dia 9 de março deste ano, Pedro Henrique foi condenado a cinco anos e quatro meses de prisão em regime semiaberto por conta de um roubo, em 14 de dezembro de 2021, no Parque da Juventude, em Santana (SP).

Conforme as investigações policiais, Pedro e um parceiro roubaram um celular, R$ 200 e a chave do carro da vítima. Depois, o jovem foi preso e o comparsa conseguiu fugir.

Apesar de ter sido condenado no regime semiaberto, Pedro cumpria pena no fechado. Segundo o CDP, ele respondia por um processo disciplinar por ter feito tatuagens nas mãos, o que é considerada uma desobediência média.

Procurada, a advogada Lais disse à coluna de Josmar Jozino que Pedro já tinha tatuagem quando foi detido.

O que diz a SAP?

Por meio de nota, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirmou a morte de Pedro e as circunstâncias apontadas no boletim de ocorrência.

A pasta ainda ressaltou que o jovem recebeu atendimento médico ao se queixar de falta de apetite, diarreia, diurese de cor amarela, hipertensão e hipoglicemia.

Depois do ocorrido, a SAP informou que a direção do CDP instaurou uma investigação preliminar para esclarecer os fatos.

Quando a possível infestação de animais peçonhentos, a pasta alegou que o “CDP realiza serviços periódicos de desinsetização e desratização, sendo o último feito em 1º de abril deste ano, com validade de 180 dias”.

“Não foi relatado ao juiz, por parte dos presos, presença de escorpiões”, finalizou a nota da SAP.