[posts-relacionados]Uma mulher de 61 anos foi resgatada de uma casa na região do Alto de Pinheiros, em São Paulo, por viver em situação de trabalho escravo contemporâneo, além de ter sido abandonada no imóvel após os patrões se mudarem. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Segundo a reportagem, Mariah Corazza Üstündag, de 29 anos, moradora da casa, chegou a ser presa em flagrante na quinta-feira (18), mas foi solta após pagar fiança de R$ 2,1 mil. O marido dela, Dora Üstündag, de 36 anos, também foi indiciado pela Polícia Civil. Mariah é filha da cosmetóloga Sônia Corazza, conhecida consultora na indústria de produtos de beleza.

Na quinta-feira (25), os três tiveram os bens bloqueados pela Justiça do Trabalho em São Paulo. O valor do bloqueio chega a R$ 1 milhão. A pedido do Ministério Público do Trabalho a Justiça também determinou a liberação de três parcelas do seguro-desemprego para a vítima.

Vítima trabalhava para a família desde 1998

Segundo o MPT, a idosa trabalhava para a família desde 1998, quando Sônia contratou a mulher como empregada doméstica. Por 13 anos, a mulher trabalhou sem registro em carteira, sem férias e sem décimo terceiro salário.

De acordo com o relato da vítima, a situação piorou em 2011, quando a casa dela desabou e ela passou a morar de favor na casa da mãe de Sônia. A mulher continuou trabalhando como empregada, mas não recebia mais um salário.

Já em 2017, a empregada se mudou para casa onde foi resgatada. “Nessa época, a Mariah começa a pagar um valor todo mês, só que são R$ 200”, explica a procuradora do trabalho Alline Pedrosa Oishi Delena.

Ainda segundo a Folha, desde o dia do resgate, a doméstica está abrigada na casa de um morador da mesma rua. No pedido cautelar feito à Justiça nesta semana, o MPT pediu que o casal fosse obrigado a pagar uma pensão no valor de um salário mínimo.

No âmbito criminal, Mariah e Dora foram indiciados por redução a condição análoga à de escravo, abandono de incapaz e omissão de socorro. Sônia só foi denunciada na ação trabalhista. O advogado Eliseu Gomes da Silva afirmou à Folha que a família não vai se manifestar neste momento sobre o que aconteceu.