Amigos e familiares de Gabrielli Mendes da Silva, de 19 anos, prestaram depoimento nesta quarta-feira (5). Na madrugada do último domingo (2), a jovem foi morta por um tiro durante uma ação da guarda municipal em uma festa clandestina, em Rio Claro, no interior de São Paulo.

De acordo com a família da vítima, Gabrielli estava na casa da tia, a um quarteirão de onde o crime aconteceu. Ela estava acompanhada por alguns amigos e se deslocou até a esquina, para aguardar na rua por um carro chamado por aplicativo, quando a GCM teria chegado.

“Estávamos em alguns amigos e primos na calçada em frente à casa da tia da Gabi. Quando era umas 22 horas, vimos que a Guarda Municipal chegou por causa da aglomeração que tinha na rua, resolvemos ir embora e chamamos um Uber”, contou Wesley Mendes de Souza, 18 anos, ao Uol.

Primo de Gabrielli, Wesley contesta a versão da GCM de que um baile funk era realizado no local. Segundo ele, havia cerca de 30 pessoas na rua e alguns motorista estavam passando com som alto no carro. “A gente estava no outro quarteirão, não estávamos na aglomeração. A GCM já chegou com a arma apontada para a gente, não tinha motivo para isso”, explicou Wesley.

Guarda diz que tiro foi acidental

De acordo com o guarda que efetuou os disparos, o tiro foi acidental. À polícia, ele disse ter pensado que a arma estava descarregada. Ao colocar a bala de borracha, disparou acidentalmente, mas a espingarda estava com munição de verdade. Ele foi preso por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. No entanto, pagou fiança e foi liberado.

Conforme a versão da GCM, ao menos 40 pessoas participavam de uma festa clandestina na cidade. Os guardas teriam sido ameaçados pelos participantes do evento. Após ser baleada, Gabrielli foi socorrida, mas não resistiu ao ferimento.

Ao todo, oito pessoas, entre amigos e primos de Gabrielli, foram até a delegacia contar a versão deles sobre o ocorrido naquele dia. “A gente foi por conta própria, porque não aceitamos essa versão que estão contando. O que aconteceu não foi do jeito que os guardas estão falando. Nós fomos ouvidos, um de cada vez. Esperamos que a justiça seja feita”, disse Wesley ao Uol.

Em nota ao Uol, a Secretaria Municipal de Segurança de Rio Claro explicou que todos os detalhes da ocorrência estão sendo apurados em inquérito policial civil.

“O guarda civil municipal está passando por análise psicológica e ficará afastado dos serviços operacionais até que se concluam as apurações. A Corregedoria da Guarda Civil Municipal de Rio Claro está apurando a conduta de procedimento do GCM na ocorrência e, se for o caso, ele poderá ser até demitido da corporação independentemente da decisão judicial”, diz a nota.