A estudante Maria Clara Oliveira Nogueira, de 14 anos, teve 30% da panturrilha esquerda removida após um processo de necrose causado pela picada de um inseto. A adolescente passou 49 dias internada após ser vítima de um mosquito-palha, transmissor da leishmaniose. As informações são do Uol.
Conforme a mãe da jovem, Fabiana Oliveira Borin, a filha participava de uma atividade escolar ao ar livre, em Caieiras, quando foi picada pelo inseto no dia 14 de fevereiro. Duas semanas depois da picada, o ferimento na perna da estudante não havia melhorado e ela procurou atendimento médico no Hospital de Laranjeiras.
Na unidade de saúde, o ferimento passou por drenagens e a estudante recebeu medicação. No entanto, após 15 dias de tratamento, o médico responsável decidiu internar a adolescente. De acordo com o profissional de saúde, a garota havia contraído uma bactéria após a picada que seria “resistente” e a menina corria risco de perder a perna.
“Minha filha gritava de dor e diversas vezes precisou tomar morfina. Não aguentando mais tanta dor ela chegou a pedir para morrer porque não tinha mais forças”, contou a mãe ao Uol.
Quase um mês após a picada, os médicos diagnosticaram que a garota havia sido picada por um mosquito-palha, transmissor da leishmaniose. Maria Clara passou por dois procedimentos cirúrgicos para a retirada de necroses da perna, que poderiam gerar infecção generalizada.
Apesar de receber alta do hospital, a adolescente ainda está de atestado médico. “Por enquanto, ela precisa fazer repouso e só sai de casa para ir ao pronto-socorro fazer os curativos”, explicou a mãe.
Em nota ao Uol, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo lamentou o ocorrido com a estudante da Escola Estadual Doutor Mário Toledo de Moraes. Conforme a pasta, a família está recebendo a assistência necessária.
“A apuração para identificar as causas do ocorrido está em andamento. A unidade, que fica localizada próximo a uma mata nativa, passa todo início de ano por processos de limpeza de caixa de água, bebedouros, troca de filtros, dedetização e desratização e, por precaução, a unidade realizou uma nova dedetização no dia 23/03”, diz a nota.
Leishmaniose
A leishmaniose é uma doença grave. Não há vacina para prevenir a infecção, que ocorre com a picada de mosquito contaminado. O tratamento disponível controla, mas não é capaz de eliminar o parasita. Pacientes com a doença têm febre de longa duração, aumento do fígado e baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular e anemia. Quando não tratada, a leishmaniose pode levar à morte em 90% dos casos.
O protozoário que provoca leishmaniose se hospeda em vários mosquitos, conhecidos no Brasil como mosquito-palha. Existem dois tipos de leishmaniose: a tegumentar (com manifestações na pele) e a visceral, mais grave.
Os cães também entram no processo de transmissão, pois, quando picados pelo mosquito, desenvolvem a doença e passam adiante. Como vivem próximos do homem, acabam sendo importantes agentes de transmissão nos locais em que há presença do mosquito.