Segundo levantamento realizado pela GloboNews, a Justiça de São Paulo mantém atualmente 19 grávidas e 13 lactantes em unidades prisionais no estado de São Paulo, mesmo com a prorrogação da recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Válida desde o dia 17 de março, a recomendação dada pelo Conselho Nacional de Justiça pede que juízes revisem casos de presidiários que compõem grupos de risco como idosos, portadores de doenças crônicas, grávidas e lactantes.

A recomendação orienta que as medidas não sejam aplicadas a processados ou condenados por crimes hediondos, crimes contra a administração pública, lavagem de dinheiro, crime organizado e violência doméstica contra a mulher.

Mesmo com a mudança na recomendação, diversas mulheres que cometeram crimes de menor gravidade continuam presas, estando grávidas ou ainda com os filhos dentro da prisão. Elas vivem em condições difíceis e relatam situações que viveram dentro do sistema carcerário.

“Eu fui duas vezes na médica para vacinar ele [filho], e por conta da pandemia de sarna. Ele [bebê] teve sarna, agora ele está cheio de bolinha na mão, espalhou no corpo todo. Vai e volta. Eles [médico e agentes] falam que é formiga, mas na minha cela não tem formiga”, contou uma presidiária.

Outra presidiária também relatou uma experiência que passou em uma unidade prisional. “Eu tive ele aqui na unidade. Não deu nem tempo de ir para o Hospital. O parto foi dentro do próprio quarto, da cela. A senhora [agente] teve que me auxiliar da forma como ela pôde. Aí teve que amarrar com a gaze o umbigo, a bolsa dele foi dentro de um saco plástico para o hospital. Embrulhamos ele numa coberta e levamos. (…) Ele nasceu no tempo certo. Eu estava de 39 semanas quando nasceu.(…) Não havia nenhuma médica na unidade prisional”, relatou ela.