Pedro Henrique de Freitas Valle Nascimento, de 20 anos, morreu no sábado (23) no Hospital de Vila Alpina, onde ficou internado após ter sido picado por um escorpião enquanto estava preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Vila Independência, na zona leste de São Paulo. Em entrevista ao R7, a mãe do jovem, Alessandra Freitas Valle, relatou que o caso foi tratado com “um total descaso” e descreveu a sua dor como “insuportável”.

Ao portal, ela afirmou que foi visitar o filho no dia 25 de junho. Ele encontrava-se deitado em uma cama e precisou de ajuda para se levantar, pois um dos seus pés estava inchado e o jovem “chorava de dor”.

Nesse momento, ele contou para Alessandra que havia sido picado por um inseto fazia cinco dias. Também ressaltou que tinha ido três vezes para a enfermaria do CDP e deram apenas paracetamol.

Depois disso, ela acionou a advogada Lais Naked, que representava Pedro, e a administração do CDP para que o seu filho fosse levado a um hospital.

Segundo Alessandra, Pedro foi encaminhado para uma unidade de saúde, onde receitaram alguns remédios e liberaram ele para voltar ao CDP. “Na última visita, o meu filho já estava na enfermaria, jogado no chão. Foi quando eu pedi de novo para que ele fosse para o hospital.”

Então Pedro foi levado para o Hospital de Vila Alpina, mas não resistiu e morreu. “Se ele fosse um preso abandonado, tinha morrido lá mesmo. Os animais vivem melhor do que os presos na prisão”, relatou Alessandra.

Causa da morte

No 56° Distrito Policial (Vila Alpina) consta no boletim de ocorrência que a morte de Pedro foi causada por complicações de coagulação intravascular disseminada, síndrome respiratória aguda grave, insuficiência renal e lúpus eritematoso sistêmico.

O que diz a SAP?

Por meio de nota, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirmou a morte de Pedro e as circunstâncias apontadas no boletim de ocorrência.

A pasta ainda ressaltou que o jovem recebeu atendimento médico ao se queixar de falta de apetite, diarreia, diurese de cor amarela, hipertensão e hipoglicemia.

Depois do ocorrido, a SAP informou que a direção do CDP instaurou uma investigação preliminar para esclarecer os fatos.

Em relação a possível infestação de animais peçonhentos, a pasta alegou que o “CDP realiza serviços periódicos de desinsetização e desratização, sendo o último feito em 1º de abril deste ano, com validade de 180 dias”.

“Não foi relatado ao juiz, por parte dos presos, presença de escorpiões”, finalizou a nota da SAP.