Weverton atualiza a tradição do Palmeiras de ter grandes goleiros – casos de Oberdan Catani, Emerson Leão, Velloso e Marcos. Ficou nove jogos sem levar gols e virou unanimidade. O segredo é a simplicidade. “Não dou piruetas. Sou raiz”, resumiu, aos 30 anos.

O que é ser titular de um time que teve tantos goleiros bons?

Esse foi um dos motivos para eu vir para o Palmeiras. É uma tradição no gol que está sendo mantida pelo atual elenco. Eu sabia que minha missão seria grande. Eu cheguei e encontrei dois ídolos (Jailson e Prass). Trabalho dobrado.

Na prática, o que diferencia os goleiros do Palmeiras?

É um clube que forma grandes goleiros, mas que também prepara aqueles que chegam. Os três goleiros do elenco atual vieram de outros clubes. Aqui, todos foram campeões, um em cada ano. É muito difícil manter três goleiros de alto nível.

Como encarou o desafio?

Eu sacrifiquei parte das férias no ano passado, mas chegar em um estágio melhor.

Você ficou frustrado por não ter sido titular quando chegou?

Eu tinha a expectativa de jogar. Ficar como terceira opção frustrou meus planos. Mas eu sabia que tinha de treinar e trabalhar. Por outro lado, o fato de o Roger (Machado, ex-técnico do clube) não ter optado por mim me ajudou a conhecer o clube, as pessoas e entender o comportamento da torcida. O Jailson foi um grande amigo desde o início.

Como você conseguiu conquistar a posição?

Treino duro. Além disso, consegui diminuir meu peso, isso me ajudou a ser mais rápido e mais ágil. Meu padrão era 95 e 96 quilos. Consegui reduzir para 91 e 92 quilos. Foi ótimo. Foi uma mudança importante.

O Felipão usou times diferentes. Era uma zaga em cada jogo. Isso não atrapalha o goleiro?

A princípio, foi um desafio. Por outro lado, ter uma vaga sempre descansada foi garantia de atenção e tranquilidade. O Felipão teve méritos em escolher duplas que se encaixaram bem (Luan e Gustavo Gómez, além de Dracena e Antonio Carlos). Isso foi bom, pois todo mundo sabia que ia jogar. O goleiro tem uma situação diferente. Se ele joga menos, ele perde o ritmo, fica sem tempo de bola.

Como você se define?

Não sou aquele que dá pirueta. Sou um goleiro à moda antiga, um goleiro raiz. Prefiro apostar na defesa segura, no posicionamento. Quando eu faço a defesa segura, eu já estou pronto para fazer a reposição rápida e começar o ataque. É um dos meus diferenciais.

Onde você pode melhorar?

Estou chegando nos 30 anos. A partir de agora, eu preciso me cuidar ainda mais fisicamente para garantir a agilidade e a técnica. Quero jogar mais seis ou sete anos.

O título brasileiro apaga a frustração pela queda na Libertadores e na Copa do Brasil?

Não. O Palmeiras não tem a obrigação de ganhar tudo. Para ganhar os torneios, é preciso disputá-los. O Palmeiras está nesse caminho, sempre disputando a Libertadores, por exemplo. É questão de tempo para vencê-la.