Edílson, ex-jogador de Palmeiras e Corinthians, teve seu rosto pichado em um mosaico da torcida alviverde que homenageava os campeões paulistas de 1993. Com maior identificação com o rival alvinegro, o comentarista da Band alegou entender a insatisfação dos palmeirenses, mas classificou a mudança de tonalidade de sua perna como um gesto racista.

– Fico triste porque envolve muita gente. Minha mãe viu e ficou muito triste. Eu fiquei mais triste por ela, não por mim. Acho que a gente, que jogou em vários clubes, demos o sangue, o suor, nos dedicamos e de repente alguns torcedores tem esta atitude de cobrir meu rosto e mudar a cor da minha pele nas pernas. Na verdade, isso foi o que mais me deixou triste – disse no “Jogo Aberto” da última segunda-feira.

+ Vídeo: Lucas Lima, meia do Palmeiras, é hostilizado por torcedores após flagra em festa clandestina

+ Boletim: Empereur se despede do Palmeiras e Gabriel Menino é convocado para as Olimpíadas

+ Felipão visita delegação do Palmeiras no Sul e é tietado por Abel Ferreira

– Eu sou negro e tenho orgulho. Não precisava fazer isso. A minha identificação com a torcida do Corinthians é grande, mas não apaga minha história no Palmeiras. Dei tudo na minha passagem lá. Conseguimos tirar o time de uma longa fila, 17 anos sem título. Me sinto injustiçado, fiquei triste na hora, mas a vida é assim mesmo. Recebi mensagens da torcida do Corinthians, dizendo que sou ídolo. Minha história ninguém apaga. Quando ela é bem construída, ninguém apaga – completou.

Em resposta, a organizada Mancha Verde, responsável pela organização do mosaico no Allianz Parque, negou ao “UOL” qualquer motivação racista para a mudança de cor de Edílson.

– A ideia era relembrar o título, tanto que fizemos ações nas redes sociais também. Mas para nós este cidadão não faz parte da história do Palmeiras, porque ele não respeita o nosso clube, então não tem porquê fazer qualquer referência a ele – afirmou o presidente da organizada.

– A gente não cobriu só o rosto, cobriu inteiro, porque é o Mancha que está ali [o símbolo da organizada]. E o Mancha é verde. Não tem como dizer que é uma atitude racista, porque o Tonhão, o César Sampaio e o Mazinho são negros, estavam naquele time e estão na faixa”. Ele mesmo [Edílson] há um tempo atrás falou que os goleiros negros tomam mais gols; enquanto a Mancha foi campeã do Carnaval em 2019 falando de Aqcualtune, uma princesa negra – concluiu.