A multinacional japonesa Sony anunciou nesta terça-feira (22) a compra da empresa fonográfica EMI, com um catálogo de 2 milhões de títulos, que inclui artistas como Queen e Kanye West, em uma aposta de seu novo presidente na música e nos conteúdos multimídia.

“O mercado da música atravessou diversas etapas, mas nos últimos anos está em alta graças às ofertas de streaming. Para aproveitar ao máximo os direitos de propriedade intelectual, é necessário quantidade e qualidade”, disse à imprensa o CEO Kenichiro Yoshida para explicar a aquisição.

A compra da EMI – que a Sony já possuía cerca de 40% – por 1,9 bilhão de dólares, acrescenta mais de 2 milhões de temas ao já importante catálogo da multinacional japonesa.

Trata-se do primeiro acordo importante desde a chegada de Kenichiro Yoshida à frente da Sony, no mês passado.

“Estamos muito satisfeitos em trazer a EMI Music Publishing para a família Sony e manter nossa liderança na indústria da música”, disse Yoshida em um comunicado. “Acho que esta aquisição será particularmente significativa para o nosso crescimento a longo prazo”, acrescentou.

O acordo estipula que a Sony vai comprar 60% da EMI do fundo Mubadala, com sede em Abu Dhabi, que atualmente controla 90% da companhia.

O acordo valorizou a EMI em cerca de 4,75 bilhões de dólares, disse a Sony em nota. Ela explicou que a compra ainda precisa da aprovação das autoridades reguladoras.

Kenichiro Yoshida também apresentou um plano estratégico para desenvolver seus negócios em conteúdos multimídia, seguindo o projeto de seu antecessor no comando, Kazuo Hirai, de revitalizar uma das marcas japonesas mais famosas do mundo.

A Sony é conhecida por produtos eletrônicos de consumo, mas também é líder na indústria cinematográfica, com um dos principais estúdios do mundo, bem como no setor de videogames.

“Somos uma empresa de tecnologia, mas tecnologia não significa apenas eletrônica, mas também entretenimento e criação de conteúdo”, disse Yoshida.

– ‘Preço razoável’ –

A compra da EMI “faz parte da estratégia da Sony sob a direção da Yoshida para reforçar seus negócios em entretenimento”, disse Hideki Yasuda, analista do instituto Ace Research, de Tóquio.

“No ramo da música, os direitos são cruciais. Por isso, o acordo é coerente e o preço parece viável e razoável”, disse Yasuda à AFP.

No mês passado, a multinacional publicou um lucro anual recorde de 4,5 bilhões de dólares, graças à melhoria de suas vendas em todos os setores e ao sucesso de alguns de seus filmes, como “Jumanji: Bem-vindo à selva”.

Esses resultados levaram ao equilíbrio do presidente anterior, Kazuo Hirai, que passou seis anos tirando a Sony de seus problemas financeiros com uma política agressiva de reestruturação, incluindo demissões e venda de parte dos negócios.

A EMI é a segunda maior gravadora do mundo em receita e detém ou gerencia os direitos de 2 milhões de músicas, inclusive artistas como Queen ou Pharrell Williams.

Já a Sony já tem os direitos de 2,3 milhões de canções, que incluem as músicas dos Beatles ou a música “Over the Rainbow”, que Judy Garland cantou em “O mágico de Oz” – que, 75 anos depois, ainda é uma das mais rentáveis ​​do catálogo.