[ALERTA: este texto aborda temas como suicídio e eutanásia, podendo ser gatilho para algumas pessoas. Se você se sentir ansioso, não continue a leitura, procure ajuda profissional ou familiar e ligue 188 para o CVV – Centro de Valorização da Vida]
Novo filme do diretor luso-grego Paolo Marinou-Blanco, “Sonhar do Leões” cutucou as mentes mais resistentes na 53ª edição do Festival de Cinema de Gramado, realizada entre os dias 13 e 23 de agosto, no Rio Grande do Sul (RS), ao levar para a telona do cinema uma discussão sobre eutanásia – assunto ainda encarado como tabu, principalmente no Brasil, onde a prática é proibida.
Protagonizado por Denise Fraga, o longa-metragem, que ganhou apenas uma menção honrosa no festival, abraça a tragicomédia durante 87 minutos e embala o coração de quem se permite sentir na pele o que a personagem Gilda vive todos os dias, desde que descobriu que as alternativas para o seu tratamento de câncer se esgotaram e ela só tem mais um ano de vida pela frente.
Imigrante brasileira, que mora em Portugal, a mulher se conforma com o diagnóstico, mas não desiste de sonhar agora em morrer com o mínimo de dignidade e sem dor enquanto pode.
[ATENÇÃO: CONTÉM SPOILER]
Após quatro tentativas de suicídio fracassadas, ela vai em busca de uma organização clandestina chamada “Joy Transition International”, que diz ensinar a tirar a própria vida sem dor ou problemas em países onde a eutanásia é ilegal.
Impaciente ao não ver resultados nas aulas das quais participa, Gilda recorre à possibilidade de pagar para que apliquem a eutanásia nela e no seu amigo, o jovem Amadeu (João Nunes Monteiro), de quem se aproximou durante as atividades da corporação.

Gilda e Amadeu em cena de “Sonhar com Leões” – Divulgação
Juntos, os dois acabam se envolvendo amorosamente, tornando os últimos momentos de Gilda ainda mais especiais, assim como ela queria, porém, mais dolorosos para Amadeu, que revela um segredo capaz de mudar o seu futuro.
Com estreia marcada para 11 de setembro nos cinemas comerciais, “Sonhar com Leões” é uma possibilidade de falar sobre a morte com leveza, humor e proximidade da dor alheia, além de tornar o tema mais didático com a quebra da quarta parede em diversos momentos da narrativa de Gilda, com o intuito de contextualizar, de forma mais detalhada, o que talvez falte para o público se familiarizar com um tema tão delicado.
Denise Fraga emociona tristemente e faz rir ao mesmo tempo, sem que Gilda perca o controle de sua vida e de suas vontades, que estão acima de qualquer pessoa, crenças ou descrenças.
“Sonhar com Leões” prova o que estava na nossa cara até hoje: a vida tem um fim e ela não precisa ser nem acabar como os outros querem. Ela incomoda, faz sorrir, faz chorar, dá esperança, desespera e conduz o futuro, tudo ao mesmo tempo. Sendo assim, vale a pena ir contra a finitude?
Denise Fraga
Denise Fraga falou com a IstoÉ Gente durante o Festival de Cinema de Gramado, sobre a temática do filme. A atriz destacou a importância de abordar a finitude da vida de forma saudável, e pontuou o que a faz sonhar e querer se manter viva cada vez mais.
Assista abaixo:
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