Os eleitores de Taiwan irão às urnas em 13 de janeiro para escolher um novo presidente.

Os candidatos são o favorito Lai Ching-te, do governista Partido Progressista Democrático, Hou Yu-ih, do principal partido opositor Kuomingtang, e o líder do Partido Popular, Ko Wen-je.

A seguir, o que pensam três de seus apoiadores:

– “Nos preparar para a guerra” –

O estudante universitário Hsu Yu-chia assegura que seu despertar político ocorreu em 2019, quando o movimento pró-democrático de Hong Kong levou centenas de milhares de pessoas às ruas do centro financeiro para pedir mais autonomia em relação a Pequim.

Da ilha democrática de Taiwan, o então adolescente seguiu com atenção as notícias dos protestos.

“Comecei a prestar atenção nas questões políticas relacionadas a Hong Kong e China”, explica à AFP o estudante de Direito de 20 anos.

“Foi também durante esse tempo que comecei a ver que estamos separados da China e que Taiwan não deveria voltar ao antigo [princípio de] ‘uma só China'”.

O jovem refere-se à doutrina de Pequim que defende que a ilha faz parte do território da China e deve voltar ao seu controle.

Nos últimos anos, a China, contrária à atual administração do Partido Progressista Democrático (PPD) e sua postura favorável à independência, aumentou a pressão sobre Taiwan.

Nas eleições de 13 de janeiro, o jovem será um dos cerca de um milhão de eleitores que deverão participar pela primeira vez das eleições em Taiwan.

Ferrenho defensor do PPD, Hsu dedica o tempo livre fora dos estudos para fazer campanha para esse partido e seu candidato e atual vice-presidente, Lai.

“Até certo ponto, tenho medo de que estoure uma guerra. Mas para mim, a maneira de evitar a guerra é nos preparar para a guerra, de nenhuma forma vamos ficar de joelhos”, assegura.

“Do Tibete a Hong Kong, tivemos muitas lições anteriores”.

– “Uma mudança de governo” –

Proprietário de um hotel, Huang Min-sheng diz que as ruas de Kinmen, uma ilha que fica a uma curta viagem de balsa da costa da China continental, costumavam estar repletas de turistas.

“Havia diálogos muito abertos entre os dois lados [Taiwan e China] durante o governo de Ma Ying-jeou”, disse o homem de 66 anos em referência ao ex-presidente (2008-2016) do partido Kuomintang (KMT).

Mas a China aumentou a pressão sobre a ilha desde a chegada ao poder do PPD, o que afetou o turismo entre as duas margens do estreito de Taiwan.

“Hou Yu-ih diz que se abrirá [à China] se vencer”, aponta Huang.

Toda sua família apoia o KMT, como a maioria da população dessa pequena ilha. O dono do hotel hasteia com orgulho uma bandeira do partido no pátio de sua histórica casa, que data dos tempos da dinastia Qing.

A China também reforçou seu poderio militar e realizou importantes manobras ao redor de Taiwan, ações que deixam os moradores de Kinmen preocupados.

“Enquanto não houver guerra e os dois lados continuarem se comunicando entre eles, é melhor”, opina Huang.

“Espero uma mudança de governo. Estamos melhor do que há oito anos? Se a resposta é não, deixemos outros governarem, porque somos uma democracia”, argumenta.

– “Um futuro de novas políticas” –

“Nos últimos 30 anos de luta bipartidária entre Azuis (KMT) e Verdes (PPD), o maior perdedor é o povo”, diz Penny Huang.

Essa moradora de Hsinnchu, uma cidade no norte que acolhe a poderosa indústria de semicondutores de Taiwan, diz que a maioria de sua família é “profundamente azul”, firmes eleitores do KMT.

Mas a dona de casa de 44 anos está há muito tempo desiludida com essa formação e decidiu que são as políticas propostas que determinarão seu voto.

Neste ano, será o Partido Popular (PPT), liderado por Ko Wen-je, que merecerá sua confiança.

O PPT “tem uma imagem limpa de honestidade e integridade e luta pelo bem-estar do povo”, afirma. “Se Ko prometer algo, manterá sua palavra”, garante.

Agora, essa eleitora passa as manhãs fazendo campanha para o partido perto de uma movimentada rua de Hsinchu, distribuindo panfletos e mostrando o cartaz eleitoral de Ko.

“Não é fácil para um terceiro partido político, o PPT, emergir e desafiar os partidos azul e verde”, admite.

“Esperamos realmente que possamos terminar com essa luta impiedosa (…) e nos dirigirmos a um futuro de novas políticas e nova cultura”.

sc-dhc/ssy/dbh/meb/dd/am