“Duas Amiguinhas” (c. 1943), óleo de Ernesto de Fiori inspirado nos bordéis de São Paulo

O álbum “Ernesto de Fiori — o Exílio Brasileiro” (editora Capivara), do historiador de arte Ivo Mesquita, reúne e analisa 104 pinturas de um artista pouco estudado: o pintor e escultor alemão Ernesto de Fiori. Ele viveu de 1936 até a morte em São Paulo, onde se exilou, fugindo do nazismo. Mesmo que fosse um liberal aristocrático, Hitler não apreciava suas telas expressionistas e esculturas de deusas de Hollywood, além de seus artigos contra o regime. Sofreu um choque ao chegar a São Paulo: tinha trocado a cosmopolita Berlim por uma cidade em que as galinhas ciscavam nas praças. Se em Berlim recebia visitas de Greta Garbo e Marlene Dietrich — que lhe serviram de modelos —, em São Paulo só achava glamour nas prostitutas da Maison Louise e nos cinemas no centro da cidade. Esportista, velejava na represa de Guarapiranga. A vivência tropical resultou em pinturas de boêmios, cenas idealizadas da alta sociedade e marinhas. Produziu mais de 500 obras no Brasil. “O livro mostra o mundo artificial de uma alma inquieta que sonhava em voltar à terra natal”, diz Mesquita. “Por ironia, de Fiori fugiu do nazismo para ver o Estado Novo no Brasil e aqui morreu um mês antes do fim da Segunda Guerra.”

DE FIORI: VIDA E OBRA

1884
Nasce em Roma, de mãe austríaca e pai italiano

1904
Estuda pintura em Munique

1911
Mora em Paris e participa de exposições

1914
Naturaliza-se alemão e fixa residência em Berlim

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1936
Exila-se em São Paulo

1945
Morre em São Paulo, de câncer de fígado


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