Plataforma de IA generativa da SAP, a Joule chegará ao mercado em português até o final deste ano. O anúncio foi feito durante o SAP Now 2024, evento da empresa realizado em São Paulo nesta terça-feira (3). A solução foi anunciada ao mercado em setembro do ano passado, mas no momento está disponível apenas em inglês. 

Uma das principais funções da Joule é permitir que os usuários dos sistemas de gestão de empresas (ERPs) da SAP usem linguagem natural para interagir com as ferramentas da empresa. “A Joule está embarcada em todas as nossas soluções. A forma que você pede uma informação de RH é a mesma que você pede um relatório financeiro. É o mesmo processo, a mesma interface para as várias soluções da SAP”, disse Adriana Aroulho, presidente da SAP Brasil, em conversa com jornalistas.

Adriana reforçou ainda que a SAP toma alguns cuidados para garantir o uso responsável da inteligência artificial . “Nosso posicionamento é de IA para os negócios, para resolver problemas reais das empresas. Modelos mais gerais, como ChatGPT e outros, alimentam-se de dados que estão espalhados por aí pela web. Já a nossa IA faz uso dos dados do próprio cliente, sabemos de onde vêm esses dados. Temos acesso aos modelos de IA generativa mais usados no mercado, por meio de parcerias com empresas como Microsoft, Google e outras. Mas todos são vinculados à nossa plataforma de forma segura e voltada para o negócio”, exemplificou.

Aposta na nuvem com o S/4HANA

Segundo Adriana, as plataformas de cloud da SAP são usadas por 300 milhões de pessoas em todo o mundo. “Nossa estratégia é ir para a nuvem, com a plataforma S/4HANA. Novos clientes já nascem no mundo cloud. Mas temos um grande legado de base on-premise, de quase 30 anos no Brasil”, explicou. 

Adriana afirmou ainda que as migrações aceleraram muito, principalmente nos últimos dois anos. “É importante ressaltar que não há um único caminho para esse processo. Alguns clientes vêm aos poucos, outros já optam por começar com instalações novas. E há casos de ambientes mais complexos e on-premise que vão ter mais dificuldades para a migração. É como tentar rodar o ChatGPT em um iPhone de dez anos atrás. ”, detalhou a executiva.

Um dos motivos que deve acelerar ainda mais a migração para a nuvem é a Reforma Tributária, aprovada no fim do ano passado. “Nós, como empresa, garantimos que o S/4HANA estará pronto para lidar com as mudanças da reforma. Mas temos uma infinidade de versões on-premise, instaladas em vários clientes. Nenhuma empresa consegue atualizar sistemas nesta escala. E a nossa escolha foi priorizar o S/4HANA”, explicou a executiva.

Outro motivo para a migração é a segurança. “Quando juntamos os investimentos que a SAP e as grandes empresas de nuvem fazem em segurança de dados, chegamos a um valor muito maior do que qualquer empresa pode investir sozinha para proteger suas informações”, explicou Adriana.

Vencendo barreiras

A executiva também falou sobre a resistência de alguns clientes mais tradicionais, que têm seus ambientes SAP muito customizados e temem perder essa vantagem ao migrar para a nuvem. “Em muitos casos, a customização acaba sendo inimiga da escala. Há muitos casos de clientes que têm customizações que não são usadas, ninguém sabe quem criou, para quê servem. Isso tem uma série de consequências, inclusive de segurança. E a migração para a nuvem é uma forma de resolver também esses problemas. Além disso, temos anos de boas práticas do mercado que já são oferecidas de uma forma pronta na nuvem. E isso agiliza o processo” disse Adriana. 

Entre os clientes da SAP no Brasil neste processo está a gigante de alimentos BRF. Em apresentação no evento, o CIO da empresa, Antonio Cesco, comentou a migração da atual estrutura SAP para a plataforma baseada em nuvem S/4HANA. “Hoje não temos nenhum problema maior com nosso ERP, mas vemos nessa migração uma oportunidade de transformação para a companhia. Neste ano estamos em fase de avaliação de pré-requisitos e preparação. E no próximo ano começa a fase de execução do projeto de migração”, comentou.