Pelo menos quatro soldados com os rostos cobertos intimidaram habitantes de uma cidade da Colômbia, apontando seus fuzis para crianças, mulheres e outras pessoas, em um incidente que o governo descreveu nesta quarta-feira (13) como “extremamente grave”.

“Por que vêm nos atropelar?”, “Vocês acham justo me ameaçar com uma arma enquanto estou com meu filho nos braços?”, “Se identifiquem!”, grita uma mulher com um bebê no colo nos vídeos que se tornaram virais.

Nas imagens, um dos soldados com um lenço preto no rosto saca uma arma e aponta para a mulher. Muito perto, outro levanta seu fuzil na direção dos demais. Três crianças choram abraçadas a outra mulher, enquanto cerca de 20 pessoas repreendem os soldados.

O ministro da Defesa, Iván Velásquez, repudiou nesta quarta-feira os acontecimentos ocorridos no departamento norte de Córdoba.

“O que aconteceu em Tierralta, Córdoba, é extremamente grave e exige a adoção de decisões drásticas. Nenhuma tolerância com comportamentos que afetam não só as comunidades, mas também as próprias Forças Militares”, disse Velásquez na rede social X, antigo Twitter.

O Exército garantiu em um relatório que uma “comissão de fiscalização” se deslocou até a região para investigar o “possível ato de violência contra a população civil”.

Segundo testemunhas entrevistadas pela mídia local, os homens uniformizados se fizeram passar por dissidentes das Farc, que se afastaram do acordo de paz.

Apesar da assinatura do pacto em 2016, que desarmou a maior parte da antiga guerrilha, a Colômbia ainda é palco de um conflito armado que dura mais de meio século e envolve rebeldes, traficantes de drogas, paramilitares e agentes estatais.

O Clan del Golfo atua no departamento onde ocorreu o incidente; o maior cartel de drogas do país que mais produz cocaína no mundo.

Ao longo do conflito interno, os militares estiveram imersos em escândalos sobre violações dos direitos humanos. O caso mais conhecido – chamado “falsos positivos” – deixou pelo menos 6.400 civis assassinados. Eles foram apresentados como guerrilheiros mortos entre 2002 e 2008.

O primeiro governo de esquerda na história do país está empenhado em desarmar a guerra interna mediante o diálogo com todos os grupos ilegais.

lv/gm/ms/tt

X