O militar israelense Yuval Vagdani, de 21 anos, que deixou o Brasil no final de semana após ser denunciado pela Justiça Federal do Distrito Federal por supostos crimes de guerra cometidos na Faixa de Gaza, declarou que não voltará ao País novamente ao desembarcar no Aeroporto Internacional Ben Gurion, em Tel Aviv, nesta quarta-feira, 8.
O israelense estava de férias nas praias do Morro de São Paulo, localidade paradisíaca da Bahia, e foi acusado pela organização não governamental HRF (Hind Rajab Foundation), que atua para responsabilizar o Estado de Israel em supostas violações de direitos humanos, de participar da demolição de casas de civis no Corredor de Netzarim, na Faixa de Gaza. A denúncia foi feita pela entidade ao Judiciário brasileiro.
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De acordo com o “Times of Israel”, Vagdani teve que fugir para a Argentina antes de ser encaminhado a Miami, nos EUA, para poder voltar a Israel. “Eu acordei de manhã, abri o celular e de repente vi oito ligações, do Ministério das Relações Exteriores, meus irmãos, minha mãe e cônsules”, afirmou o militar.
O israelense relatou que já planejava a viagem para a Bahia há quatro anos e ser forçado a deixar o País em fuga foi como “levar uma bala no coração”. “Eu não voltarei ao Brasil novamente”, pontuou Vagdani, acrescentando que aprendeu com seus erros e não publicaria mais imagens da atuação na Faixa de Gaza.
Segundo a HRF, Vagdani aparece em filmagens e postagens feitas nas redes sociais plantando explosivos. Em uma publicação no Instagram, o israelense postou imagens de destroços de construções na Faixa de Gaza com o texto: “Que possamos continuar destruindo esse lugar imundo”.
De acordo com o “Canal 12”, a denúncia da HRF inclui mais de 500 páginas de evidências, incluindo vídeos, dados de geolocalização e informações de inteligência de código aberto, ligando o soldado à destruição em Gaza.
O militar foi um dos sobreviventes do ataque do grupo extremista Hamas em 7 de outubro de 2023, quando 1.200 pessoas morreram.
A ação da Justiça brasileira usou com base o Estatuto de Roma, acordo internacional que o Brasil assinou e que obriga países a agirem em casos de crimes contra a humanidade, de guerra e de genocídio.
Apesar disso, o programa “CNN Novo Dia” informou que a PF (Polícia Federal) pediu para o Judiciário reconsiderar a abertura da investigação citando que não há elementos suficientes para que um inquérito seja instaurado.
As autoridades entendem que a legislação brasileira não tem tipificação de crime contra a humanidade e não há condenação contra o israelense no TPI (Tribunal Penal Internacional).
De acordo com a rádio oficial do exército israelense, Vagdani deixou o Brasil sob acompanhamento das autoridades de Tel Aviv. Israel alegou que a HRF é uma organização estrangeira que explora “de forma cínica os sistemas legais para fomentar uma narrativa anti-Israel”.
*Com informações da Agência Brasil e da Ansa