As autoridades da Venezuela detiveram o empresário colombiano Álvaro Pulido, foragido da Justiça dos Estados Unidos e sócio de Alex Saab, outro empresário apontado como “laranja” do presidente Nicolás Maduro, informou à AFP uma fonte judicial nesta quarta-feira (12).

“Sim, ele está detido” para ser “investigado”, assinalou hoje a fonte, sem oferecer mais detalhes sobre a prisão.

A detenção coincide com um expurgo anticorrupção ordenado pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, no qual mais de 55 pessoas foram detidas desde 17 de março, entre elas funcionários de alto escalão da petrolífera estatal PDVSA e do Poder Judiciário.

Pulido é um dos sócios do também colombiano Saab, apontado como “laranja” de Maduro e que foi preso em junho de 2020, durante uma escala de avião no arquipélago africano de Cabo Verde, e extraditado aos Estados Unidos em outubro desse mesmo ano.

Em julho de 2019, os dois foram acusados nos Estados Unidos de lavagem de dinheiro em um esquema de propinas milionárias.

Em 22 de outubro de 2021, o Departamento de Estado americano ofereceu uma recompensa de 10 milhões de dólares (quase 50 milhões de reais, na cotação atual) por informação que levasse à prisão ou à condenação de Pulido, que também se identifica como Germán Enrique Rubio Salas, por seus vínculos com o “regime corrupto de Maduro”.

O Departamento de Estado alega que Saab e seus colaboradores se aproveitaram, desde 2015, de contratos superfaturados vinculados aos Comitês Locais de Abastecimento e Produção (CLAP), um programa de ajuda alimentar destinado a venezuelanos em situação de vulnerabilidade.

Os dois são acusados de pagar propina a funcionários do governo venezuelano que os ajudaram a obter contratos para a venda de alimentos com sobrepreço.

Em junho de 2020, os Estados Unidos assinalaram que Maduro concedeu a Saab o monopólio da venda de ouro extraído ilegalmente do Arco Mineiro do Orinoco, uma grande área de mineração no sul da Venezuela, diante da escassez de divisas no início de 2018.

O Departamento do Tesouro dos EUA acusa Saab de ter trabalhado com o ex-vice-presidente venezuelano e ex-ministro do Petróleo, Tareck El Aissami, que renunciou ao cargo em 20 de março afetado pela nova “cruzada” anticorrupção, para montar esse esquema.

Até a segunda-feira, 10 de abril, foram ditadas 67 ordens de prisão na Venezuela, das quais 12 ainda não foram concretizadas, segundo o procurador-geral do país, Tarek William Saab.

mbj/jt/atm/rpr/mvv